Vacinação contra a Covid-19 no Brasil - Tony Winston/MS/Divulgação
A vacinação deve reabrir caminho para que tudo vá aos poucos retomando a normalidade
O Brasil se aproxima de 44% da população completamente imunizada (com duas doses ou dose única) contra a Covid-19. Foi um caminho cheio de percalços até que se chegasse a esse percentual – desde problemas logísticos até os mais diretamente ligados à gestão da distribuição do imunizante à população brasileira. Apesar das resistências, o brasileiro de forma geral apoia e entende a necessidade de se vacinar – não só contra a Covid, mas contra toda doença para a qual haja vacina. Foi o que mostrou pesquisa recente dos institutos GSK e Kantar.
De acordo com o levantamento, 83% dos brasileiros entrevistados declararam que é importante manter a vacinação em dia. Esse percentual já era alto antes da pandemia: 59% entendiam a importância de se proteger por meio de imunização (a pesquisa ouviu 16 mil pessoas acima de 50 anos em mais sete países além do Brasil). Este é, aliás, um dos campos da ciência e da medicina de que o país pode se orgulhar por seu histórico de excelência. Em 1973, o país instituiu o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Foi por meio desse programa – um dos maiores do mundo – que se erradicou a varíola e a poliomielite (paralisia infantil) e que se tem controlados sarampo, tétano, hepatite B, rubéola, coqueluche, meningites, febre amarela e formas graves da tuberculose, para ficar em poucos exemplos. No caso específico do sarampo, no Estado de São Paulo houve uma queda drástica nos casos em 2021, em relação a um ano antes. Também transmitida por gotículas, o contágio pela doença foi evitado pelo uso de máscaras.
Há um debate muito acirrado na sociedade acerca da obrigatoriedade das vacinas. Mas defender uma posição contrária à imunização é tarefa difícil (mesmo impossível). Afinal, como a pandemia da Covid-19 demonstrou para além de toda dúvida razoável, a circulação do vírus em meio a populações não imunizadas se espalha com velocidade assustadora. As pesquisas mostram que cada imunizante tem seu grau de eficácia – mas todos elevam em muito a proteção contra o coronavírus e tornam muito improvável que pessoas totalmente imunizadas venham a desenvolver as formas mais graves da doença.
Um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou dois dados: 91,49% dos óbitos decorrentes da Covid-19 entre maio e julho deste ano foram de pessoas que não tinham sido imunizadas ou estavam com a vacinação incompleta. E demonstrou que 84,9% dos óbitos dos que estavam já totalmente imunizados foram de pessoas que tinham algum fator de risco ou comorbidade, e 87,6% tinham 70 anos ou mais. No caso dos idosos, isso tem relação com a imunossenescência – que é o conjunto de alterações no sistema imune devido ao envelhecimento (e eleva a suscetibilidade das pessoas a doenças infecciosas).
De forma geral, a oposição à vacinação pode resultar da falta de entendimento de informações, possível exposição a dados incompletos, ou transmitidos de forma tendenciosa por meio de aplicativos de mensagens. A rejeição à vacina não nasceu, claro, com o uso dos aplicativos de mensagens e das redes sociais – é bastante conhecido, por exemplo, o movimento antivacina nos EUA, e que tem forte expressão em outros países – , mas ganhou uma proporção imensa desde então.
O Brasil, no entanto, aderiu à vacinação. Quase 100 milhões de brasileiros foram aos postos para tomar sua dose (primeira, segunda ou única), já está em curso a dose de reforço e é preciso fazer planos para 2022. Estar imunizado não dispensa ninguém de seguir com o uso de máscara e a higienização frequente das mãos, e embora seja preciso evitar aglomerações, mais e mais pessoas têm voltado a circular nas ruas, empresas estão planejando o início gradual da retomada do trabalho presencial e as salas de aula voltaram a ser frequentadas com protocolos bem estabelecidos.
Iniciada há quase nove meses, a vacinação vai, mesmo que lentamente, reabrir caminho para alguma normalização da vida. Mais de oito em cada dez brasileiros entenderam que a vacina contra a Covid-19 é mais uma que será incorporada ao calendário do PNI, e que se vacinar reverte o benefício para toda a sociedade.
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