Imagem: Shutterstock/Andrii Yalanskyi
Pesquisa identifica anomalias em parte inexplorada do sequenciamento genético, revelando mais genes com potencial de causar câncer
Nayra Teles | Olhar Digital
Quando uma célula sofre mutações genéticas e começa a crescer de forma incontrolada, surge o câncer. Essa é a base comum da doença, e diversos genes estão envolvidos nesse processo. A ciência conhece mais de 600 deles, e essa lista acaba de aumentar.
Uma pesquisa do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona (BIST) analisou as anormalidades no DNA de uma nova perspectiva e detectou centenas de outros genes associados ao câncer. O estudo foi publicado na Nature Communications.
Existem mais genes causadores de câncer do que se imaginava
- A pesquisa utilizou um algoritmo para identificar erros no código genético relacionados às partes que formam proteínas, chamadas éxons.
- Partes de um gene que não produzem proteínas, conhecidas como íntrons, são geralmente removidas quando o DNA é copiado para RNA, em um processo chamado splicing.
- No entanto, células cancerosas podem interferir nesse processo, resultando em proteínas defeituosas a partir de genes que, normalmente, não teriam mutações.
- Ao focar no comportamento dos éxons durante esse processo, os cientistas identificaram 813 genes que, em conjunto, podem promover o crescimento do câncer.
- Essa nova classe de genes potencialmente causadores de câncer expande a atual lista de “genes vilões” e pode ajudar no combate à doença, oferecendo novos alvos para tratamentos.
Imagem: Marija Stepanovic / Shutterstock.com
A descoberta pode apoiar novos tratamentos
Considerando mecanismos além das mutações, o número de alvos genéticos para controlar o câncer pode dobrar. Segundo os cientistas, o que foi descoberto é uma nova classe de genes que podem ser combatidos isoladamente ou em combinação com tratamentos já existentes. Em testes de laboratório com amostras de tecido, focar nesses éxons específicos reduziu o crescimento do câncer nas amostras testadas.
O algoritmo responsável pela descoberta, chamado Spotter, analisou uma grande quantidade de dados genéticos para identificar eventos de splicing que contribuem para o desenvolvimento do câncer. Além disso, o algoritmo consegue classificar quais éxons são mais relevantes em cada tipo de câncer, permitindo uma análise mais precisa.
Embora ainda seja necessário muito trabalho para aplicar essas descobertas de forma rotineira, a pesquisa abre uma nova fronteira no combate ao câncer, oferecendo mais opções para tratar a doença de maneira eficaz.
Comentários