As clínicas particulares de vacinação brasileiras devem receber um estoque de emergência de vacinas contra febre amarela. Porém, os imunizantes só devem estar disponíveis à população no final de fevereiro, quando o estoque atual tiver acabado.
Não há números oficiais sobre a quantidade de doses ainda disponíveis na rede particular, mas “a informação que temos é que os estoques estão perto de zero”, afirma a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina.
A Anvisa informou que autorizou a importação excepcional de 65.400 doses -em embalagem internacional, com informações em língua estrangeira. “A autorização ficou condicionada ao envio a esta agência das evidências documentais das informações em português destinadas ao público e usuários da vacina”.
As vacinas disponibilizadas na rede privada de saúde são fabricadas pela Sanofi Pasteur, enquanto as da rede pública, por Bio-Manguinhos, vinculado à Fiocruz.
Segundo a Sanofi, a importação está em andamento, e a previsão para a comercialização é de cerca de 30 dias.
Bio-Manguinhos é o maior produtor do mundo de vacinas contra febre amarela, diz Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). A Sanofi é a segunda maior.
style="display:block" data-ad-format="autorelaxed" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="7514086806">Além delas, a OMS autoriza que duas outras instituições produzam a vacina. São elas: o Centro Federal Chumakov para Pesquisa e Desenvolvimento de Imunobiológicos da Academia de Ciências da Rússia, e o Instituto Pasteur de Dakar, no Senegal.
O Centro Federal Chumakov, em nota, afirma que as autoridades brasileiras não entraram contato a respeito de estoques de vacinas. O Instituto Pasteur de Dakar não respondeu à reportagem.
PÚBLICO X PRIVADO
Mesmo com fabricantes diferentes, a efetividade da vacina é a mesma, diz Isabella. “Na prática, para a população não há diferença”, afirma a especialista. “A cepa vacinal é um pouco diferente, mas ainda sim muito semelhantes. A eficácia e a mesma e a segurança é a mesma.”
Enquanto a rede particular espera novo lote só para o final de fevereiro, a rede pública decidiu antecipar o mutirão de imunização em São Paulo e no Rio de Janeiro do dia 29 para a quinta (25).
Em São Paulo, 54 cidades deverão receber as doses fracionadas, para imunizar 8,3 milhões de pessoas.
O Ministério da Saúde se comprometeu a enviar novas doses integrais da vacina para a capital. O objetivo é manter a imunização no município até o início da campanha de aplicação de doses fracionadas, antecipada do dia 29 para a próxima sexta (26), devido a feriado do dia 25.
A prefeitura procurou o ministério nesta quinta (18) para solicitar o envio das novas doses. Estimativas do município indicavam que as vacinas integrais disponíveis se esgotariam neste sábado (20).
O ministro Ricardo Barros (Saúde) confirmou à Folha o envio das novas doses, mas declarou que a pasta ainda não definiu a quantidade.
A antecipação da campanha, segundo o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, vai acalmar a população, que está lotando postos de saúde e se expondo em áreas de risco para receber a dose.
“Um absurdo ver uma pessoa sair de São Paulo e ir pra Mairiporã [na Grande SP] pra receber a vacina. Ela vai ficar lá numa fila de cinco, seis horas, exposta ao mosquito com a doença e vai estar protegida só daqui a 10 dias”, disse.
A dose fracionada, com 0,1 ml da vacina, tem o mesmo efeito da padrão, de 0,5 ml, mas duração menor. Enquanto a dose padrão vale para toda vida, a fracionada deve durar pelo menos oito anos.
Segundo a secretaria estadual, a campanha seguirá até 17 de fevereiro. Nas áreas onde já há vacinação em razão da circulação do vírus, como a zona norte da capital, a imunização seguirá com a vacina padrão. Até quinta, a prefeitura contabilizava 1,3 milhão de pessoas vacinadas na zona norte, sendo que a meta inicial era vacinar 2,4 milhões.
Pollara diz que não houve erro da prefeitura, mas falta de procura. “Não foi culpa nossa, não. A população da zona norte é que diminuiu [a procura]. Em dezembro inteiro ficamos à disposição lá e ninguém foi se vacinar.”
Na zona sul de São Paulo, onde alguns distritos começaram a ser vacinados em dezembro, já foram aplicadas 447.982 doses, e no distrito de Raposo Tavares, na zona oeste, foram imunizadas outras 45.807 pessoas.
Segundo a secretaria municipal, a capital paulista não teve casos da doença contraídos na cidade.
Fonte Folha de São Paulo
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