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O Globo

28/01/22 - A liberação da comercialização de autotestes para detecção de Covid, que deve ser decidida hoje pela Anvisa, fez a Vyttra Diagnósticos ampliar ao máximo a sua capacidade de produção. Quinta maior empresa do setor no Brasil e a maior de capital nacional, a Vyttra já está pronta para atender a uma demanda de 500 mil autotestes de Covid por semana — podendo complementar com importação.

Esse volume equivale ao que foi produzido de testes rápidos de antígeno por mês ao longo do ano passado, quando a demanda por testagem parecia ter se normalizado.

Os dois testes são identicos. A diferença está na apresentação, com kits individuais no caso do autoteste e uma apresentação didática com o passo a passo para a realização do exame em casa. A empresa já está produzindo um vídeo para auxliar o consumidor e que poderá ser acessado por meio de um QR Code.

A rápida disseminação da Ômicron fez a demanda por testes disparar neste início do ano. Só na semana de 17 a 23 de janeiro, segundo a Abrafarma, foram comercializados 740 mil testes rápidos, um recorde desde o início da pandemia.

No total, desde março de 2020, já foram realizados 14,61 milhões de testes só nas farmácias. Os fabricantes relutam em fazer previsões de demanda para o autoteste, mas com a taxa de contágio no pico de toda a pandemia — o RT está em 1,78 com cada 100 pessoas contaminando 178 — a expectativa é que as vendas sigam aquecidas pelo menos até março ou abril.

A Vyttra vendeu 1,5 milhão de testes rápidos em janeiro. A depender da demanda pelo autoteste, a empresa poderá complementar a capacidade de produção adquirindo o produto importado e adaptando a embalagem. Mas a empresa não descarta a possibilidade de ampliar a capacidade adquirindo máquinas automatizadas a depender da extensão da onda de contaminação.

— O autoteste é conveniente para a população e é importante para quebrar a cadeia de transmissão. Claro que como fabricante vamos defender a sua liberação. Mas como estamos vendo em outros países, este é um instrumento importante para a gestão da pandemia — diz Rubens Freitas, CEO da Vyttra, que se associou à empresa em abril do ano passado, depois de 16 anos trabalhando como gestor de private equity na GP Investimentos.

Especializada em exames de diagnóstico in vitro — que são todos aqueles feitos a partir da coleta de sangue, urina, cabelo, mucosa — a Vyttra é hoje a maior empresa nacional de um setor que é dominado por multinacionais que mais importam e distribuem do que produzem localmente.

A empresa surgiu a partir de uma consolidação do setor no Brasil promovida pelo tradicional fundo criado pela família Rockefeller, o Venrock. Com forte atuação na área de saúde, o fundo adquiriu quatro empresas familiares de exames laboratoriais, mas já tinha feito a sua saída do negócio quando os sócios remanescentes convidaram Freitas para se juntar ao time.

Freitas pegou uma empresa que triplicou de tamanho na pandemia, saindo de R$ 100 milhões de faturamento em 2019, para R$ 300 milhões no ano seguinte, número que foi fortemente influenciado pelas vendas de testes rápidos de Covid-19.

Seu desafio é fazer a empresa crescer e ganhar mercado reduzindo a dependência de uma pandemia que, em algum momento, assim se espera, deverá arrefecer. No ano passado, a empresa conseguiu manter o faturamento em R$ 300 milhões mesmo com uma queda na demanda pelos testes rápidos de Covid — que representaram 23% das vendas.

O planejamento para 2022 ia na mesma linha, mas com a rápida disseminação da cepa Ômicron e a liberação das vendas de autoteste, as vendas devem disparar.

— Chegamos num momento em que paramos de projetar crescimento, mas certamente vai ser substancialmente maior. Não esperávamos por essa nova onda — diz Freitas, que tem a ambição de fazer o negócio crescer "5 a 10 vezes" pelo próximos 5 anos.

Um IPO até está no radar. — Mas se acontecer, não será um fim em si para sairmos do negócio. A gente está aqui para perpetuar — diz Freitas, engenheiro de formação pelo ITA que não esconde seu entusiasmo de ter trocado o rentismo pelo mundo da produção. Em seu perfil no Linkedin, o CEO Vyttra se apresenta como alguém que está “se divertindo, com paixão e propósito”.

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