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A Roche é a melhor empresa do setor Farmacêutico, Higiene e Limpeza do anuário As Melhores da Dinheiro, edição 2018. Do ranking das cinco primeiras também fazem parte 2º) Eurofarma, 3º) Aché, 4º) Cristália e 5º) Novartis.


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Um ponto fora da curva


Muitas vezes considerada um dos maiores vilões responsáveis pelo aumento da inflação, a indústria farmacêutica, ao mesmo tempo em que precisa gastar caminhões de dinheiro em pesquisas de novos medicamentos, tem a seu favor o fato de lidar com um produto essencial para a sociedade. As pessoas não podem simplesmente deixar de tomar remédios por conta de preços mais salgados, o que ajuda a explicar porque os laboratórios e o varejo farmacêutico se mantêm crescendo a despeito da crise dos últimos anos. A estimativa é de que o setor tenha crescido ao redor de 10%, em 2017, mantendo o ritmo dos últimos quatro anos. Segundo a consultoria americana IQVIA, a receita total foi de R$ 57 bilhões decorrentes da comercialização de 3,92 bilhões de unidades, no período, descontadas as vendas governamentais, que incluem instituições públicas, como o Fiocruz e o Butantã. Dados de outra consultoria, o QuintilesIMS Institute, confirmam esse desempenho, que se reproduziu nas prateleiras do varejo farmacêutico, cujas vendas aumentaram de R$ 36 bilhões, em 2013, para R$ 57 bilhões, em 2017, uma variação de 58% no período. O varejo representa hoje 69% do mercado farmacêutico total no Brasil. O restante é composto pelo mercado institucional, incluindo vendas ao governo, hospitais e clínicas.

Mesmo assim, não faltam reclamações entre os fabricantes de medicamentos, quanto à rentabilidade da atividade. "Quando nos veem crescendo, enquanto o Brasil enfrenta recessão e queda de vendas, somos invejados como um ponto fora da curva", reconhece Pedro Bernardo, presidente da Interfarma, associação que reúne os laboratórios globais que atuam no Brasil e investem em pesquisa e desenvolvimento locais. "O resultado é até bom para a situação, mas para nós é modesto." O motivo, explica Bernardo, são os desembolsos com as importações, tanto dos princípios ativos, que serão transformados em medicamentos, quanto de produtos acabados. "Em dólares, ficamos parados em 2017", diz. "O dólar saltou de valor, mas como temos preços controlados, o reajuste neste ano foi de 2,43% no início de abril e teremos de operar com ele até abril de 2019, suportando tanto tempo com uma defasagem de câmbio." A reclamação pode ser justificada, mas a verdade é que comparadas com os segmentos de higiene, perfumaria e cosméticos, que tiveram um crescimento de apenas 2,77%, em 2017, abaixo da inflação, portanto, as farmacêuticas exibem uma saúde de ferro.

Com os preços controlados, a saída para os laboratórios foi aumentar o volume de vendas, graças, em boa parte, à uma política de lançamento de produtos inovadores e mais rentáveis. Essa receita foi seguida com afinco pela subsidiária da suíça Roche, a vencedora do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2018 no setor Farmacêutico, Higiene e Limpeza.

A estratégia permitiu à Roche obter uma expansão de 18,5% em suas vendas, quase o dobro da do setor, atingindo R$ 3,1 bilhões, no ano passado. A base desse resultado é a cultura de inovação da Roche, que investiu R$ 400 milhões em pesquisa e desenvolvimento nos últimos três anos. "Temos um portfólio em renovação", diz o executivo Rolf Hoenger, presidente da Roche no Brasil. "Fomos os primeiros a investir em medicamentos biológicos e também a apostar que a medicina personalizada é o futuro." Esse último conceito prega que os remédios precisam atacar mutações e especificidades de uma doença no organismo de cada pessoa. "Há 10 anos, havia só um tratamento para câncer de pulmão", diz Hoenger. "Agora, existem pelo menos dez terapias diferentes."

A oncologia é uma das áreas prioritárias da Roche, ao lado do tratamento de Alzheimer e de doenças raras, como a artrite fibrosa, que se tornaram nichos importantes de receitas. Além da inovação, uma contingência de mercado, a reposição dos estoques governamentais de remédios, encorpou as vendas do laboratório. "Em 2016, o governo reduziu os seus estoques de medicamentos e precisou, no ano passado, normalizar as compras", diz Hoenger.

Jornalista: Carlos Eduardo Valim

POR Isto É Dinheiro

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