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É cada vez maior no país os casos de empresas de educação, sejam universidades ou centros universitários, oferecendo cursos superiores sem aulas presenciais na área de saúde.  A medida é temerária, como aponta o presidente do Conselho Regional de Farmácia no Espirito Santo (CRF-ES), Luiz Carlos Cavalcanti.
 
Até mesmo na área de farmácia, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) já autorizou cursos com estas características. Por enquanto, nenhuma empresa de educação no Espírito Santo foi contemplada com esta forma de graduar farmacêuticos. Em outras profissões, como em enfermagem, odontologia, fisioterapia  e biomedicina, entre outros pelo Brasil afora, existem cursos não presenciais em andamento.
 
Trata-se de um absurdo sem tamanho, analisa o presidente do CRF-ES. “Existem aprendizados que passam pelo contato pessoal do estudante em atividades de laboratórios durante anos”, diz Luiz Carlos Cavalcanti. Então,  como autorizar cursos em que 100% das atividades são feitas à distancia?
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O presidente assinala que esta tendência impactará  fortemente a qualidade do atendimento em saúde. É para discutir o problema, visando reverter a situação criada pelo MEC ao liberar estes cursos quase por correspondência, que os farmacêuticos irão se reunir em Brasília nos próximos dias 14 a 16 de março.
 
O presidente do CRF-ES assinala que entre as possibilidades está a de denunciar o problema à Justiça, requerendo o cancelamento das autorizações dadas pelo MEC para o funcionamento dos cursos da área de saúde sem aulas práticas. 
 
Um movimento nacional de todas as entidades da área de saúde em relação ao problema criado pelo MEC autorizando os cursos não presenciais está sendo discutido, e poderá ser formado a curto prazo.  Atualmente, só escapa destes cursos por correspondência a graduação em medicina. Mas não se sabe por quanto tempo. 
 
Farmácia
 
O CRF-ES tem a responsabilidade de fiscalizar o exercício profissional de 5 mil farmacêuticos em atividade no Estado.  A categoria tem um piso salarial de R$ 3.280,00 (o valor varia pelo tipo de atividade do farmacêutico). Mas há casos de não cumprimento do pagamento do piso, particularmente na área publica. 
 
Dez faculdades de farmácia estão funcionando no Espirito Santo, graduando cerca de 400 profissionais por ano. O presidente do CRF-ES explica que a fiscalização feita pelo órgão  visa assegurar o uso correto dos medicamentos .
 
Luiz Carlos Cavalcanti alerta que há  grande número de casos de intoxicação por medicamentos no Estado. Há uso indiscriminado e incorreto de medicamentos, alerta. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50% dos usuários de medicamentos o faz de forma incorreta. Diz o presidente do CRF-ES que para evitar o problema, no caso de dúvida, o farmacêutico deve ser sempre consultado. 
 
O problema do uso indiscriminado dos remédios deverá aumentar, considerando a precariedade da formação dos profissionais em farmácia com os cursos 100% à distancia, sem aulas práticas.
 
O presidente do CRF-ES alerta a população para evitar os cursos na área de  saúde na modalidade não presencial. E aponta que na área de farmácia está em analise  a instituição de exame de proficiência, em que o recém-graduado terá que comprovar sua competência para o exercício profissional.
 
Intoxicações
 
O presidente Luiz Carlos Cavalcanti, que é mestre em Ciências Farmacêuticas, reforça a argumentação sobre os riscos do uso incorreto dos medicamentos citando dados do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo  (Toxcen). 
 
O órgão registrou em 2015 um  total  de 11.651 notificações por intoxicações. Em 2016 foram 12.236 intoxicações, aumento de 5% nas notificações. Em 2016, no  ranking das notificações por Intoxicação, depois do primeiro lugar para animais peçonhentos (1º Escorpiões / 2º outros animais peçonhentos /3º serpentes / 4º aranhas), vem os medicamentos. Em 3º lugar, as contaminações por agrotóxicos.
 
Iatrogenia 
 
Os cuidados recomendados pelo presidente do CRF-ES em relação ao correto uso dos medicamentos são importantes: É preciso muita atenção para os estragos causados pelo uso indiscriminado dos remédios. 
 
O mercado farmacêutico brasileiro ocupa a 8ª posição no ranking mundial em 2017.  A previsão para 2021 é que o país passe para a 5ª posição.
 
O faturamento da indústria farmacêutica é de R$ 85,35 bilhões e 59% dos remédios são vendidos no varejo.  Na balança comercial, o resultado em 2017 foi de R$ 1,01 bilhão (exportação) e R$ 5,93 bilhões (importação), déficit comercial de R$ 4,91 bilhões. 
 
Este mercado fabuloso para a indústria farmacêutica gera problemas. Entre os quais a “incidência de mortes provocadas pelos eventos adversos nos hospitais brasileiros”. Que incluem as doenças iatrogênicas. A projeção mais conservadora entre os pesquisadores baseada em estudo de 2015 apontava  para 104.000 casos de mortes por ano. Há quem estime que a base mais realista é a que aponta até 434.000 mortes naquele ano. As mortes por doenças iatrogênicas - aquelas causadas por erros médicos, reações adversas a medicamentos ou infecções hospitalares - são a terceira principal causa de morte nos países desenvolvidos.
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