O mosquito Aedes Egypti, transmissor da dengue e da febre amarela: 400 milhões de infecções do vírus por ano em todo o mundo. (Joao Paulo Burini/Getty Images)
Dengvaxia, do laboratório Sanofi Pasteur, é aplicada no Brasil em pessoas maiores de 9 anos e que já tiveram a doença
A Agência dos Estados Unidos para Alimentos e Medicamentos (FDA) aprovou com restrições o uso no país da primeira vacina contra a dengue, no último dia 1. A Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi Pasteur, deverá ser aplicada somente para pessoas com idade de 9 a 16 anos residentes em áreas onde a doença é epidêmica e que já tenham sido antes infectadas.
Segundo o jornal The New York Times, a decisão do FDA foi tomada depois de o laboratório Sanofi ter admitido que a vacina pode provocar a forma mais grave de dengue se for aplicada em pessoas que nunca foram contaminadas pela doença. Em nota, a agência informou que os efeitos adversos da vacina são: dor de cabeça, dores nas juntas, fadiga, dor no local da injeção e febre baixa. A frequência desses efeitos foi similar à das pessoas que receberam placebo, durante os testes.
A vacina é vendida em outros países, inclusive o Brasil, desde 2015. Dois anos depois, as Filipinas cancelaram a licença do laboratório para vender o produto depois de ter vacinado seus 830.000 estudantes do ensino fundamental. Os mesmos efeitos que o FDA quer evitar, com as restrições impostas, foram constatados no país asiático.
No Brasil, em 2017, o laboratório Sanofi Pasteur pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a atualização das informações sobre as restrições à aplicação da vacina. Também propôs alterações na bula do medicamento. Segundo a empresa, para a população indicada, de mais de nove anos de idade e que vive em áreas endêmicas, a vacina preveniu 93% dos casos severos e reduziu 80% das internações hospitalares durante os 25 meses de estudos em 10 países.
O FDA informou que a dengue é endêmica nos seus territórios de Samoa, Guam, Porto Rico e Ilhas Virgens. “A dengue é a doença viral mais comum transmitida por mosquito (Aedes Egypt) no mundo, e a sua incidência tem crescido no planeta nas últimas décadas”, informou a agência, por meio de nota. “Como não há cura para a dengue, a aprovação (da vacina) é um passo importante para ajudar a reduzir o impacto desse vírus em regiões endêmicas dos Estados Unidos.”
O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) estima que um terço da população mundial viva em áreas de risco de dengue. A doença causa febre alta e fortes dores de cabeça e nas juntas. Seus sintomas são comumente confundidos com os da gripe e de outras infecções virais. Na segunda vez que é infectada, a vítima pode desenvolver febre hemorrágica, que é a forma mais grave da dengue.
“Por causa da ausência de remédios específicos aprovados para o tratamento da dengue, os cuidados estão limitados ao gerenciamento dos sintomas”, diz a nota.
O CDC estima a ocorrência de 400 milhões de infecções por vírus da dengue a cada ano em todo o mundo. Desse universo, 500.000 casos desencadeiam a doença, que causam a morte de aproximadamente 20.000 pessoas, principalmente de crianças. Além dos territórios americanos, a América latina, o Sudeste Asiático e as ilhas do Pacífico são áreas de maior infecção.
Fonte: Veja
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