EDITORIAL: Informação é vacina contra o pânico

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O Globo

 

29/02/20 - O ciclo da epidemia do coronavírus iniciada na China entrou em nova etapa com a sua expansão para outros países. Não deveria surpreender ninguém que mais este vírus de uma supergripe, com infecção pulmonar que pode ser fatal, originado na China, chegasse ao exterior e começasse a se alastrar.

Por mais que as autoridades do regime ditatorial chinês bloqueassem cidades inteiras, a interconexão global do país faria o vírus saltar fronteiras, mesmo com a redução das viagens e das trocas comerciais.

Esta interdependência é crescente e inexorável, e deve ser usada no compartilhamento de informações no combate ao vírus, como está sendo feito por meio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Há ainda uma rede multinacional de laboratórios na corrida para desenvolver uma vacina contra o Covid-19.

Por mais previsível que o alastramento da epidemia fosse, os mercados caem (ou sobem) de forma sincronizada no mundo, como é de sua natureza. Nos Estados Unidos, o índice S&P de ações encerrou a semana com uma desvalorização de 11,5%, a maior desde o estouro da crise financeira mundial em 2008. Os demais mercados seguiram a mesma tendência.

O aumento no número de casos do coronavírus na Europa, ainda concentrados no Norte da Itália, a região mais rica do país; no Irã, na Coreia do Sul, e assim por diante, amplia a atmosfera de medo em escala planetária, que precisa ser combatida por um fluxo constante de informações, incluindo desmentidos das incontáveis fake news que circulam nesses momentos. O Ministério da Saúde, conectado com a OMS, tem cumprido com louvor este papel.

Diante da rapidez com que se acompanha a evolução da epidemia mundial, é preciso serenidade, tomando-se as medidas cabíveis de prevenção, constantemente difundidas. Dizem os médicos que a grande maioria dos infectados contrairá uma espécie de gripe comum. O índice de letalidade deste coronavírus é relativamente baixo: 3,4% na China, 1,5% fora dela, bem menor que o ebola (51%), abaixo da Síndrome Respiratória Aguda Grave (9,6%).

Não está confirmado, por enquanto, um cenário econômico catastrófico à frente. Os negócios feitos em bolsas, por meio digital, sem a circulação física de papéis, não são inofensivos, é claro, à economia real. Mas seus efeitos diretos na massa de investimentos, nas expectativas de consumo levam algum tempo para se concretizar. A torcida é para que fatos concretos positivos comecem a se multiplicar e compensem a epidemia de pessimismo.

Na segunda-feira, autoridades chinesas informaram que a maioria das grandes empresas em sete províncias-chave havia retomado a produção. Como o índice de infecção no país está em queda, podem vir boas notícias da economia chinesa nos próximos dias.

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