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Foto: Comunicação CFF

 

A escassez de apresentações populares do Rivotril (clonazepam) tem gerado apreensão entre médicos, farmacêuticos e pacientes em diversas regiões do país. O medicamento, amplamente utilizado no tratamento de transtornos de ansiedade e crises convulsivas, está em falta nas versões de gotas 2,5 mg/mL e comprimidos sublinguais de 0,25 mg — especialmente em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.

Segundo redes como Droga Raia e Drogasil, o desabastecimento é real e já afeta milhares de brasileiros. A Biopas Brasil, responsável pela comercialização, afirma que a interrupção é temporária e decorre da transferência da produção para a Europa: as gotas passarão a ser fabricadas na Itália e os comprimidos sublinguais, na Espanha. A previsão é que a solução oral retorne ainda em 2025, enquanto os comprimidos sublinguais só devem voltar no primeiro semestre de 2026. Por ora, apenas os comprimidos de 2 mg (30 unidades) seguem disponíveis.

 

Falhas na comunicação e risco de sanções

A situação ganhou contornos regulatórios após a Anvisa confirmar que a Blanver, detentora do registro do Rivotril no Brasil, não comunicou a mudança de local de fabricação dentro do prazo legal de 180 dias, conforme a RDC 18/2014. A notificação só foi recebida em agosto de 2025, quando o fornecimento já estava comprometido.
Caso o descumprimento seja confirmado, a farmacêutica poderá enfrentar sanções como multas e até suspensão de medicamentos. Em nota, a Blanver declarou que seguiu todos os procedimentos exigidos pela regulamentação brasileira e está empenhada em normalizar o fornecimento. No entanto, a divergência persiste: enquanto a empresa afirma que as plantas europeias já foram aprovadas, o cadastro oficial da Anvisa ainda aponta a unidade da Roche, no Rio de Janeiro, como local autorizado de produção.

 

Impacto direto na saúde mental e neurológica

A falta do Rivotril já provoca reflexos entre os pacientes. No Reclame Aqui, usuários relatam dificuldades para encontrar o medicamento e expressam preocupação com os riscos da interrupção abrupta do tratamento. Um deles desabafou:
“Rivotril em gotas está em falta em todo o Brasil. É um absurdo, considerando que é um medicamento que não pode ser descontinuado de forma abrupta.”

Médicos alertam que a suspensão sem acompanhamento pode causar sintomas de abstinência, crises de ansiedade intensas e risco de convulsões. O clonazepam é considerado essencial em muitos protocolos terapêuticos, e sua ausência compromete a continuidade de cuidados médicos.

 

Histórico de descontinuações

Essa não é a primeira vez que o Rivotril enfrenta problemas de abastecimento. Em novembro de 2024, a Blanver já havia anunciado a descontinuação de outras apresentações, como os comprimidos de 0,5 mg (20 e 30 unidades) e de 2 mg (20 unidades).
Diante da nova interrupção, especialistas defendem uma comunicação mais ágil e transparente entre a indústria farmacêutica e os órgãos reguladores. A falta de previsibilidade afeta diretamente milhares de brasileiros que dependem do medicamento para manter sua qualidade de vida.

 

Posição da Anvisa

A Anvisa reforça que comunicações fora do prazo só são aceitas em casos de descontinuação imprevista — o que não se aplica ao caso atual. A agência aguarda novas explicações da Blanver e pode adotar medidas adicionais para garantir o abastecimento e a segurança dos pacientes.
Enquanto isso, profissionais da saúde e pacientes convivem com a incerteza: quando o Rivotril voltará a estar plenamente disponível nas farmácias brasileiras?

 

Fontes: Anvisa / Biopas / Blanver / Raia / Drogasil / CFF

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