FDA autoriza a venda de aparelhos auditivos sem receita médica

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Crédito: Cottidie/ GettyImages

 

Espera-se que os preços dos aparelhos auditivos caiam à medida que mais startups de tecnologia comecem a fabricá-los

 

by Chris Morris | Fast Company

 

Em meados de outubro, a indústria de aparelhos auditivos dos EUA vai passar por uma revolução que já vem sendo anunciada há algum tempo. Trata-se de uma mudança que pode abrir uma nova e lucrativa área para empresas de tecnologia, além de trazer verdadeiros benefícios para os consumidores.

A Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, acaba de anunciar que permitirá que alguns aparelhos auditivos sejam vendidos sem receita médica. Essa é a primeira vez que essa medida é adotada, e promete tornar os dispositivos muito mais acessíveis e, provavelmente, muito mais baratos.

Esse movimento será cada vez mais importante, já que a perda auditiva tende a aumentar drasticamente nas próximas décadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que cerca de 630 milhões de pessoas em todo o mundo terão deficiência auditiva até 2030. Em 2050, a conta pode saltar para 900 milhões

A legislação, no entanto, vai manter algumas limitações. Dispositivos para perda auditiva severa e aqueles destinados ao uso em menores de 18 anos continuarão precisando de receita médica. Mas, para milhões de pessoas que sofrem de perda leve a moderada, comprar um aparelho auditivo pode se tornar tão fácil quanto comprar na farmácia um par de óculos para leitura.

Eles não serão tão baratos, é claro, mas provavelmente serão menos caros do que os aparelhos auditivos de hoje, que podem custar até US $ 5 mil e que, muitas vezes, não são cobertos pelos planos de saúde. A FDA estimou que o preço pode cair para a metade assim que a nova legislação entrar em vigor.

“Estou confiante de que veremos uma redução significativa nos preços para os consumidores com perda auditiva leve a moderada”, aposta Blake Cadwell, fundador e CEO do Soundly, um site que permite que as pessoas comparem e comprem aparelhos auditivos online.

“No longo prazo, os preços ficarão ainda mais baixos conforme os consumidores forem se acostumando com o autoatendimento. Por enquanto, as empresas que produzirem esse novo ‘medicamento de venda livre’ terão que investir pesadamente em educação e atendimento ao cliente, o que manterá os preços acima dos de outros eletrônicos de consumo”, explica Cadwell.

 

AUDIÇÃO AUMENTADA

Estima-se que o mercado de aparelhos auditivos cresça para US$ 19,5 bilhões até 2030. Entre os que mais têm chance de lucrar com isso estão startups e outras empresas que já têm trabalhado em “aparelhos de audição aumentada” nos últimos anos.

A Nuheara, por exemplo, oferece os IQbuds, que, segundo a empresa, calibram automaticamente para o perfil auditivo de cada usuário. Atualmente eles são vendidos por US$ 499. O VoiceBuds da ZVOX, um aparelho auditivo Classe 1 registrado pela FDA, custa menos de US$ 300.

Alguns dos grandes players de tecnologia não vão ficar de fora dessa. Empresas já estabelecidas, como Phonak e ReSound, estão se preparando para trilhar esse caminho e quase certamente lançarão seus próprios produtos dentro de um ou dois anos.  

Já faz tempo que os aparelhos auditivos são um item de sucesso da MedTech na CES (Consumer Electronics Show, maior feira de produtos eletrônicos do mundo).

Em 2021, a Oticon More ganhou um prêmio de inovação por ser o primeiro aparelho auditivo do mundo que inclui a tecnologia deep neural network. Segundo a empresa, essa tecnologia produz um som mais refinado, que se assemelha mais à maneira como o cérebro funciona.

Em 2022, quem ganhou o prêmio de inovação foi a Bose, por seus aparelhos auditivos SoundControl. A Signia também foi homenageada por seu dispositivo intra-auricular compatível com bluetooth, o Insio Charge & Go AX.

 

INVESTIDORES ATENTOS

Os investidores de risco também estão esperando que a decisão da FDA entre em vigor. Em 2020, a Whisper emergiu dos bastidores com uma rodada de investimentos da Série B de US$ 35 milhões, liderada pela Quiet Capital, elevando seu financiamento total para US$ 53 milhões. O produto dessa empresa usa inteligência artificial para se ajustar a diferentes situações, como um bar lotado ou um jantar com amigos.

No ano passado, a empresa de audição Olive Union arrecadou US$ 7 milhões em sua própria rodada da Série B. A Eargo, por sua vez, anunciou em 2020 uma rodada de financiamento da Série E de US$ 71 milhões depois de estrear seu dispositivo, que é praticamente invisível quando colocado dentro do canal do ouvido.

Assim como aconteceu no mercado de óculos de grau, os aparelhos auditivos de venda livre não vão acabar com a indústria de audiologia existente, mas devem ampliar a disponibilidade de produtos e, provavelmente, começar a tirar o estigma que muitas pessoas sentem quando se trata de problemas auditivos.

“A perda auditiva é um problema crítico de saúde pública que afeta a capacidade de milhões de pessoas de se comunicarem em suas interações sociais diárias”, destacou o comissário da FDA, Robert M. Califf, em um comunicado.

“Estabelecer esta nova categoria regulatória permitirá que pessoas com perda auditiva de grau leve a moderado tenham mais acesso a uma variedade de aparelhos seguros, eficazes e disponíveis nas lojas de bairro ou pela internet.”

 

SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais

 

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