Depois que vários estudos sugeriram uma ligação entre sua vacina contra herpes zoster e a prevenção da demência, a GSK está aproveitando um experimento natural para procurar evidências mais definitivas de que a injeção pode reduzir o risco de demência.
A Big Pharma está se unindo a outras instituições britânicas, o UK Dementia Research Institute e o Health Data Research UK, para estudar os registros de saúde de cerca de 1,4 milhão de pacientes, alguns dos quais já receberam a Shingrix (vacina recombinante zoster) da GSK e outros que ainda não receberam. Informou a Fierce Biotech.
"A análise retrospectiva tem limitações e, dada a importância da demência, sentimos que era importante começar a explorar uma abordagem mais robusta para encontrar uma conexão potencial entre a vacinação contra herpes zoster e demência", disse Tony Wood, Ph.D., diretor científico da GSK, em uma coletiva de imprensa antes do anúncio de 25 de março.
A demência afeta mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo e tem sido a principal causa de morte no Reino Unido nos últimos dois anos.
O novo estudo, chamado EPI-Zoster-110, aproveita a expansão de setembro de 2023 do programa nacional de imunização contra herpes-zóster do Reino Unido. Nesse ponto, os adultos com 65 anos tornaram-se elegíveis para receber o Shingrix, enquanto os adultos com 66 anos na época têm que esperar até completarem 70 anos para tomar a vacina. Como a idade no momento da expansão do programa é o único fator decisivo para saber se alguém já recebeu a vacina, isso criou duas coortes aleatórias.
A equipe de pesquisa coletará dados dos registros eletrônicos de saúde dos pacientes, mantidos pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, que lhes permitirão controlar fatores como etnia, localização geográfica e origem socioeconômica. A análise primária se concentrará no período de quatro anos desde o início da expansão do programa até que as pessoas de 66 anos completem 70 anos e se tornem elegíveis para o Shingrix, de acordo com um comunicado de 25 de março.
"Isso nos oferece a oportunidade de olhar para duas populações muito semelhantes e controladas e equilibrar o papel da vacinação versus nenhuma vacinação na avaliação do resultado em relação ao comprometimento cognitivo e demência", disse Wood na ligação.
Um estudo de 2024 (PDF) publicado na Nature Medicine aproveitou uma situação semelhante nos EUA, onde o Shingrix foi aprovado pela primeira vez em 2017. Os pesquisadores compararam os registros de saúde de pacientes que receberam uma vacina diferente contra o herpes zoster nos anos anteriores à aprovação do Shingrix com aqueles que receberam o Shingrix após sua aprovação. Os pacientes que receberam Shingrix tiveram menor risco de desenvolver demência do que os pacientes que receberam uma vacina anterior.
À medida que o fardo da demência no Reino Unido aumenta, o país tem voltado cada vez mais atenção para o combate à doença. A empresa de investimentos britânica SV Health Investors anunciou na semana passada que garantiu US$ 250 milhões para lançar seu segundo fundo focado no financiamento de terapias de primeira classe para demência.
E a Alchemab Therapeutics, beneficiária do primeiro fundo focado em demência da SV Health, assinou um acordo com a Eli Lilly em janeiro para desenvolver até cinco novos anticorpos para a esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurodegenerativa que pode co-ocorrer com a demência.
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