Imunoterapia é administrada por via intravenosa para estimular o sistema imunológico - cacalo / Márcio Oliveira/ Divulgação
POR ANA PAULA BLOWER
O Globo
RIO — A partir desta sexta-feira, o Hospital de Amor, novo nome do Hospital de Câncer de Barretos, vai oferecer aos seus pacientes, todos tratados de forma gratuita, imunoterapia como tratamento para câncer de pulmão e melanoma metastáticos. Hoje, o tratamento padrão oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a doença neste estágio é a quimioterapia, que, segundo estudos, traz mais efeitos colaterais. Por ano, estima-se que uma média de 100 pessoas receba o tratamento no hospital de São Paulo.
Na imunoterapia, usa-se medicamentos para estimular o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir células cancerosas de maneira mais eficaz. Segundo estudos em câncer de pulmão avançado e melanoma, a imunoterapia apresenta maior sobrevida nestes pacientes.
Para viabilizar a oferta do tratamento de alto custo, foi preciso um acordo entre o hospital, que é privado mas recebe recursos do Estado de São Paulo, o governo do estado e a farmacêutica que detém a patente do pembrolizumabe, utilizado na imunoterapia, a MSD.
De acordo com o oncologista clínico do Hospital de Amor, Pedro De Marchi há uma série de critérios que serão utilizados para a escolha do paciente que receberá a imunoterapia, como estar bem clinicamente. Ele ressalta os benefícios do tratamento, explicando que a quimioterapia para câncer de pulmão metastático faz com que a sobrevida seja em torno de oito meses. Com a imunoterapia, sobre para 30. E ainda há possibilidade de parte desses pacientes se curarem.
A intenção, acrescenta o oncologista, é oferecer o tratamento para quem têm maior chance de resposta.
— Embora não vá curar todos os pacientes, no mínimo, aumenta tempo de vida — defende o médico. — A intenção é que isso se difunda e sirva ao menos para se discutir formas para parar de judicializar o acesso a imunoterapia. Hoje, o paciente do SUS só tem acesso via processo judicial à uma droga aprovada no Brasil, e isso pode levar meses e não dar mais tempo.
Mais qualidade de vida
Mesmo que a imunoterapia possa apresentar menos efeitos colaterais que a quimioterapia, eles podem ocorrer. Nesse caso, serão alterações relativas a um aumento do sistema imune, como alterações na tireoide. Ao ativar este sistema, eventualmente, células imunes podem atacar tecidos normais e o paciente ter inflamação em diferentes partes do corpo.
— Mas a frequência em que isso acontece é de 10%. O resto (dos efeitos) são efeitos de gravidade baixa que se consegue controlar com medicação. Já foi demonstrado que a qualidade de vida é melhor com imunoterapia do que com quimioterapia — destaca o oncologista Pedro De Marchi.
A Diretora Médica de Oncologia da MSD Brasil, Márcia Abadi, diz que a imunoterapia vem para mudar o "paradigma do tratamento do câncer". Ela a defende como uma alternativa com mais chance de sobrevida ao paciente se comparada com a quimioterapia para câncer de pulmão e melanoma metástatico.
— Segundo estudos clínicos, cerca de 40% dos pacientes com melanoma avançado estão vivos após cinco anos, com aumento de sobrevida e de qualidade de vida, algo inimaginável há uma década — destaca.
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