Voluntário recebe uma injeção no primeiro estágio de pesquisa de uma potencial vacina contra a Covid-19 (16 de março), no Kaiser Permanente Washington Health Research Institute em Seattle, EUA. - (Copyright 2020 The Associated Press. All Rights Reserved.)
Um dos principais representantes da indústria farmacêutica menosprezou a ideia de uma vacina contra o novo coronavírus, que seja "gratuita para todos" quando disponível.
Na Suíça, onde o sistema de saúde funciona bem, não faz sentido ter acesso a uma vacina gratuita, disse Thomas Cueni, diretor geral da Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA), em um comunicado virtual à imprensa na segunda-feira.
Cueni disse que compartilha o objetivo de acesso justo, abrangente e de baixo custo aos produtos em todo o mundo. Mas ele disse que um sistema de distribuição global pilotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com sede em Genebra, é imprescindível para baixar os preços nos países mais pobres.
"Espero que países como a Suíça mostrem solidariedade e vontade de pagar um pouco mais do que outros países, onde espero que os pacientes possam obter vacinas grátis", disse ele. "Isto é muito mais realista do que dizer que todos deveriam ter acesso a vacinas gratuitas".
Cueni fez os comentários enquanto os ministros da saúde de todo o mundo participavam de uma reunião virtual da Assembléia Mundial da Saúde, o órgão decisório da OMS. Durante os dois dias de sessão, os Estados votarão uma resolução da União Europeia que pede "acesso universal, oportuno e equitativo" aos tratamentos e vacinas contra a Covid-19.
A vacina do povo
Em uma iniciativa paralela, cerca de 150 líderes e especialistas mundiais assinaram uma carta aberta Link externo pedindo aos ministros da saúde reunidos no evento que se mobilizassem por uma "vacina popular" disponibilizada gratuitamente para todas as pessoas, em todos os países, sem restrições de patentes.
Os cientistas estão correndo para encontrar tratamentos e vacinas para uma doença que já matou mais de 310.000 pessoas em todo o mundo. Atualmente, mais de 120 vacinas estão sendo desenvolvidas globalmente, com oito já em fase de testes clínicos. Mas os especialistas dizem que o processo pode levar anos e pode nem sequer acontecer.
Cueni estima que levará um ano até que uma vacina possa ser produzida em massa. Mas quando estiver pronta, nem todos poderão obtê-la de imediato; os profissionais de saúde serão os primeiros da fila, acrescentou.
O IFPMA é parceiro de uma importante iniciativa lançada no início deste mês pela UE, Grã-Bretanha, Noruega, Japão, Canadá e Arábia Saudita - mas sem os Estados Unidos - que arrecadou US$ 8 bilhões (CHF7,7 bilhões) em compromissos para vacinas e tratamentos Covid-19.
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