Depois de se mobilizar para desenvolver e fabricar rapidamente um imunizante contra a covid-19, a Johnson & Johnson (J&J) reduziu drasticamente seus esforços na produção das vacinas, à medida que enfrenta uma demanda em queda, relata o Wall Street Journal (WSJ).

Pelo menos nove empresas tinham concordado em fabricar a vacina da J&J.

Em 8 de fevereiro de 2022, o New York Times (NYT) noticiou que a Janssen tinha silenciosamente interrompido a produção e dado outra destinação à sua fábrica de vacinas covid-19. A instalação, na cidade holandesa de Leiden, estaria produzindo uma outra vacina experimental, mas potencialmente mais lucrativa para proteger contra um vírus não relacionado.

Outras instalações teriam sido contratadas para produzir a vacina, mas ou não estavam funcionando ou não receberam aprovação regulatória, apurou o NYT.

Em junho, a J&J disse que planejava rescindir seu contrato de fornecimento com a Emergent BioSolutions. Problemas de contaminação forçaram a destruição de dezenas de milhões de doses no início de 2021, embora lotes adicionais tenham sido posteriormente liberados pelos reguladores para distribuição.

Nos últimos meses, a companhia rescindiu acordos de fabricação com a Catalent e a Sanofi.

Em novembro, a Catalent disse que concordou com a rescisão antecipada dos contratos com a J&J para o preenchimento e embalagem dos frascos da vacina.

Além disso, uma associação da J&J com a rival americana Merck para fabricar as doses, forjada por pressão do governo dos EUA, não correspondeu às expectativas e fracassou. O caso está sendo discutido em um painel de arbitragem.

A Johnson & Johnson esperava registrar de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões em vendas de vacinas covid da sua divisão farmacêutica Janssen para o ano de 2022, mas abandonou essa previsão em abril, citando um excedente de doses e demanda incerta.

O conglomerado reportou US$ 1,5 bilhão em vendas globais da vacina da Janssen nos primeiros nove meses de 2022. No terceiro trimestre, as vendas geraram US$ 489 milhões, mas nenhuma dose foi vendida para os EUA.

A falta de uma vacina bivalente, ou reformulada para atingir novas cepas, é uma desvantagem para a J&J.

O imunizante da J&J não tem sido amplamente utilizado como as vacinas da Moderna ou da Pfizer. Problemas de fabricação limitaram a disponibilidade do medicamento e o risco de formação de coágulos dissuadiu o seu uso.

Autoridades federais pausaram o uso da vacina de dose única da Johnson & Johnson por 10 dias em abril de 2021, apenas algumas semanas após sua estreia, depois que os sistemas de vigilância de eventos adversos da vacina detectaram uma ligação entre uma condição grave de coagulação do sangue e as injeções.

A FDA descobriu mais tarde que cerca de 15% dos casos de trombose com síndrome de trombocitopenia, conhecida como TTS, foram fatais, com a maior taxa de notificação entre as mulheres de 30 a 49 anos.

A agência reguladora limitou o uso da vacina da J&J em maio de 2022 a adultos que não podem ou não querem utilizar os produtos da Pfizer ou da Moderna.

A J&J insiste que está entregando a vacina onde necessário, e tem centenas de milhões de doses disponíveis, mas não comentou se continuará a produzi-la.

A sul-africana Aspen Pharmacare Holdings Ltd. produziu 225 milhões de doses da J&J por meio de um contrato de fabricação.

A empresa recebeu uma licença da J&J para fabricar a vacina sob a marca da Aspen, chamada Aspenovax, em novembro de 2021, segundo Stavros Nicolaou, executivo sênior de comércio estratégico, relatou o Wall Street Journal.

No entanto, a Aspen não recebeu nenhum pedido, fato atribuído ao declínio da demanda e também porque as organizações não-governamentais (ONGs) que compraram vacinas para a África e países de baixa renda já haviam adquirido doses de diferentes fornecedores, explicou Nicolaou ao jornal.

A J&J também tem acordos de fabricação com a Biological E. Limited da Índia, a IDT Biologika GmbH da Alemanha e o Laboratorio Reig Jofre SA da Espanha, mas o WSJ não obteve respostas sobre se estão produzindo a vacina.

Com informações Benzinga, WSJ