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Mais de 5 mil participaram do estudo que demonstrou que injeção lenacapavir aplicada duas vezes por ano protege contra a infecção do vírus

 

A luta contra o HIV tem sido uma jornada longa e desafiadora para a comunidade científica e médica. No entanto, um recente avanço promete mudar o cenário da prevenção do HIV de maneira significativa. O lenacapavir, um medicamento administrado por injeção duas vezes ao ano, demonstrou ser 100% eficaz na proteção contra o vírus em mulheres, de acordo com os resultados de um estudo clínico.

O estudo, realizado na África do Sul e em Uganda, envolveu mais de 5 mil adolescentes e mulheres entre 16 e 25 anos. As participantes foram divididas em três grupos, e nenhuma das 2.134 mulheres que receberam o lenacapavir contraiu o vírus da AIDS. Em contraste, houve casos de infecção entre as mulheres que tomaram os medicamentos orais Truvada e Descovy, usados atualmente para prevenir a transmissão do HIV.

Esses resultados são promissores, até o momento, nenhum estudo havia demonstrado uma proteção de 100% contra a transmissão do HIV. A infectologista Camila Sunaitis Donini, pesquisadora do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, expressou grande entusiasmo com a descoberta, destacando o potencial do lenacapavir como uma ferramenta valiosa para proteger as mulheres contra o HIV.

Desde a identificação do vírus da AIDS, os esforços para desenvolver métodos eficazes de prevenção e tratamento têm sido incessantes. Embora ainda não exista uma vacina eficaz contra o HIV, o lenacapavir representa um avanço significativo na prevenção da doença. Este medicamento não só oferece uma nova esperança para as mulheres, mas também para a população em geral, na luta contra uma epidemia global.

Os dados do estudo ainda precisam ser revisados por outros cientistas, mas o impacto potencial do lenacapavir na prevenção do HIV é indiscutível. A possibilidade de uma injeção semestral substituir a necessidade de medicação diária pode aumentar a adesão ao tratamento e oferecer uma solução prática e eficiente para muitas pessoas em risco de contrair o HIV.

À medida que aguardamos a revisão e validação dos dados por pares, a comunidade científica e médica observa com otimismo a promessa do lenacapavir. Este avanço é um testemunho do progresso contínuo na pesquisa do HIV e um passo significativo em direção ao objetivo de erradicar a epidemia do HIV para todos, em todos os lugares.

No Brasil, um dos marcos significativos nessa batalha foi a introdução da Profilaxia Pré-Exposição, conhecida como PrEP. Desde 2012, quando agências internacionais como a FDA começaram a recomendar o método, até a aprovação do primeiro medicamento PrEP no Brasil em 2017, houve um progresso notável na prevenção da transmissão do HIV entre pessoas com vida sexual ativa.

A PrEP representa uma mudança paradigmática na história da transmissibilidade do HIV. Com a adoção dessa medida preventiva, observou-se uma tendência de queda nas curvas de incidência do vírus, tanto na população brasileira quanto em outros países que implementaram a PrEP como estratégia de controle.

O tratamento com PrEP envolve a ingestão diária de um comprimido que protege contra o vírus causador da AIDS, mesmo em casos de relações sexuais sem preservativo. Contudo, estudos indicam que a eficácia do medicamento varia entre homens e mulheres, sendo maior nos homens. Isso é particularmente preocupante considerando que 54% dos novos casos de HIV ocorrem em mulheres, com uma concentração significativa no continente africano, especialmente nas regiões subsaarianas.

A incidência do HIV está em declínio, mas ainda há um aumento preocupante entre jovens de 15 a 24 anos. Nesse contexto, um novo estudo trouxe esperança ao apresentar uma medicação injetável subcutânea, que oferece uma alternativa ao comprimido diário. Esta inovação é especialmente relevante para a população feminina, que demonstrou menor eficácia com a droga oral.

A nova medicação injetável, que tem duração de seis meses, não apenas simplifica o regime de tratamento, mas também elimina a preocupação com a interação com anticoncepcionais ou a influência das oscilações hormonais fisiológicas femininas. A facilidade de adesão ao tratamento com a injeção de longa duração pode ser um divisor de águas na prevenção do HIV, especialmente para aqueles que têm dificuldade em manter a consistência com medicamentos orais.

O Brasil, ao adotar a PrEP e explorar novas formas de administração do medicamento, demonstra seu compromisso com a saúde pública e a prevenção do HIV. A PrEP não é apenas uma ferramenta de prevenção; é um símbolo de esperança e um testemunho do progresso contínuo na luta contra uma das maiores crises de saúde do nosso tempo.

A pesquisadora explica que a transmissão do HIV não depende somente de uma decisão individual, mas também envolve aspectos relacionados a comportamento e a relacionamento interpessoal.

O lenacapavir já é utilizado como uma opção terapêutica para pessoas com HIV resistentes a outros tratamentos. Ele não pode ser considerado uma vacina porque, diferentemente de imunizantes, não estimula o sistema imunológico a responder ao ataque de um vírus. Trata-se de uma medicação que fica disponível no sangue e nos tecidos da pessoa por seis meses. Em contato com o vírus do HIV, o fármaco não deixa o vírus se instalar e se replicar.

O estudo ainda precisa ser publicado antes que a droga seja submetida à análise de agências reguladoras, como a Anvisa, e oferecida como um tratamento para a população.

 
 

Fontes: Gilead Sciences, Inc. e Verywell Health

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