Líder em vacina no país, GSK amplia operação

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Líder no mercado brasileiro de vacinas, com sete de cada dez doses aplicadas, a GlaxoSmithKline (GSK) está expandindo sua operação no país e, mais adiante, poderá ampliar as linhas de medicamentos com produção local. Ao mesmo tempo, a farmacêutica britânica engajou-se com o governo federal em campanhas de conscientização sobre a importância da vacinação, diante da queda da cobertura nacional, que também teve reflexo nas vendas de alguns de seus imunizantes.

“Acreditamos que as campanhas [de vacinação] podem ter impacto positivo no aumento da cobertura vacinal e, consequentemente, na quantidade de venda de vacinas, bem como no objetivo de gerar prevenção, principal foco do investimento feito tanto pela GSK quanto pelo governo federal”, disse ao Valor o presidente da GSK Farma no Brasil, José Carlos Felner.

A redução nas taxas de imunização, que ajuda a explicar o atual surto de sarampo em algumas cidades, não impediu que a divisão crescesse mais de 10% no ano passado. Para 2019, a meta da GSK é manter esse ritmo em todas as frentes de negócio, com crescimento acima da média da indústria farmacêutica brasileira, estimada em 8% ao ano entre 2019 e 2023 pela IQVIA, que audita as vendas do setor no mundo. “Nosso risco é diluído pelo portfólio bastante diversificado, especialmente no Brasil”, afirmou o executivo.

A operação brasileira da GSK Farma está entre as cinco maiores da multinacional no mundo e, nos seis primeiros meses do ano, registrou taxa de crescimento de 22%, frente a 11% da média do mercado, segundo dados da IQVIA. As vendas anuais estão em torno de R$ 3,8 bilhões, sem considerar o segmento de saúde do consumidor. Até 2022, o plano estratégico prevê dobrar o tamanho do negócio, tomando 2017 como ano-base.

Quase um terço da meta já foi alcançada, conforme Felner, que reconhece a necessidade de buscar “um salto de produtividade” em relação a operações em outros países emergentes. No ano passado, os investimentos no Brasil cresceram 10% (o valor não é revelado), sem considerar os aportes em produtividade. No novo centro de distribuição no Rio, foram R$ 20 milhões.

Multinacional fornece dois terços das doses de vacina aplicadas pela saúde pública e a metade no setor privado

Com a abertura do centro, a GSK pavimentou o caminho para aumentar as linhas de medicamentos produzidos na fábrica de Jacarepaguá, que tem capacidade disponível. Sem capacidade adicional de armazenamento, a expansão de produção estava limitada. Segundo Felner, a nova estrutura suporta o crescimento previsto para os próximos 20 anos e foi montada com o que há de mais moderno em termos de tecnologia. Desse mesmo nível, há apenas quatro centros no universo da farmacêutica em todo o mundo. “O Brasil tem credibilidade e, quando falo sobre o país na GSK, encontro eco. A maior preocupação é dimensionar o risco do país, e não evitá-lo”, contou.

Ainda não há decisão final sobre ampliar o portfólio de medicamentos com produção local, mas a ideia é trazer produtos tradicionais, já consolidados no mercado, e com escala que justifica economicamente essa decisão. A fábrica de Jacarepaguá também vai concentrar, em alguns anos, toda a produção da linha dermatológica da Stiefel que ainda está em São Paulo (SP).

Em outra frente, desde que assumiu o comando da operação local, há cerca de um ano, Felner tem buscado aproximar a empresa de startups. O objetivo é pesquisar soluções que possam responder aos desafios da farmacêutica e modernizar a gestão dos negócios, sem com isso abrir mão da governança específica da área de saúde.

Com participação de 67% num mercado de R$ 2 bilhões ao ano, a multinacional fornece dois terços das doses de vacina aplicadas pela saúde pública e a metade no setor privado. Metade das receitas da área farmacêutica da GSK Brasil é gerada pelos imunizantes. A tendência é a de que essa relevância se mantenha nos próximos anos.

Das 19 vacinas previstas no calendário da rede pública, 13 antígenos são entregues pela farmacêutica, cujo portfólio abrange 21 das 31 doenças evitáveis no mundo por vacinação. Há ao menos dois lançamentos previstos para o país no médio prazo, de um pipeline composto atualmente por 13 vacinas e 44 medicamentos.

A menor procura por vacinas no país, na avaliação do executivo, resultou de uma combinação de fatores, incluindo o êxito das campanhas ao longo de várias gerações, que levou à erradicação ou redução expressiva do número de casos de determinadas de doenças – o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é reconhecido mundialmente como política pública de sucesso. Sem o risco aparente de contaminação, houve um relaxamento da população em relação à necessidade de imunização.

Além disso, o foco do Ministério da Saúde nos últimos anos acabou direcionado para a atualização do protocolo clínico de prevenção e tratamento do HIV, às doenças raras e outras enfermidades, e a vacinação acabou em segundo plano. Agora, acrescenta Felner, a meta do ministro Luiz Henrique Mandetta, que assumiu a pasta da Saúde neste ano, é aumentar a cobertura vacinal. “É preciso ser reativo neste momento porque há problemas. Mas o ministério está com um foco grande na conscientização da população”, afirmou o presidente da companhia no Brasil.

A estratégia para a oferta local de vacinas pela GSK, cuja aliança com o Ministério de Saúdecomeçou com o imunizante contra a poliomielite, tem sido buscar alianças estratégicas para produção local, entre os quais o Instituto Butantan e Bio-Manguinhos (da Fiocruz), com transferência de tecnologia. Para aquelas em que não há produção local, a saída é a importação. Além dessa parceria, a GSK também é a principal fornecedora do governo brasileiro para o tratamento do HIV no Brasil e tem posição de destaque na área de doenças respiratórias, especialmente asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Fonte: Valor Online

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