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Medicamento descoberto pela inteligência artificial evita um "anti-alvo" específico da esquizofrenia conhecido como Receptor de Dopamina D2
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi
A inteligência artificial está revolucionando a indústria de medicamentos. O uso da tecnologia diminui de forma expressiva os custos e o tempo de desenvolvimento de novos remédios. A PsychoGenics é uma das empresas que têm apostado na IA. Ela criou um antipsicótico conhecido como Ulotaront para tratar a esquizofrenia.
Uso da IA
A inteligência artificial está sendo treinada para aprender e extrair padrões médicos. Com isso, pode prever propriedades de drogas como toxicidade e bioatividade, identificar características chave para encontrar compostos promissores ou até mesmo gerar novas moléculas de drogas totalmente do zero.
Esses avanços prometem reduzir consideravelmente o tempo de desenvolvimento de novos medicamentos, o que hoje pode demorar de 10 a 15 anos.
Além disso, aumentam as chances de combinações de compostos benéficas à saúde. Atualmente, apenas um em cada 1.000 candidatos a medicamentos são selecionados para avançar em testes clínicos para testes em humanos, e apenas um em cada 10 são aprovados para comercialização.
Remédio contra a esquizofrenia
Um dos remédios desenvolvidos com a IA pode combater a esquizofrenia. Para isso, a PyschoGenics não está usando a abordagem convencional, visando genes específicos associados à doença, e sim analisando padrões de comportamento para rastrear possíveis medicamentos.
Drogas candidatas ou compostos de referência são injetados em camundongos, que são então colocados em um ambiente controlado, onde seu comportamento é rastreado por cerca de uma hora. “É uma caixa que desafia os ratos de várias maneiras, enquanto várias câmeras nos dão uma imagem 3D de tudo o que o mouse está fazendo. Estamos coletando alguns milhões de pontos de dados, então estamos usando aprendizado de máquina para extrair padrões de comportamento e fazer previsões sobre utilidade terapêutica”, explicou o CEO da empresa, doutor Emer Leahy.
Após testes com cerca de 300 compostos, muito menos do que a média de 2.500 da indústria farmacêutica habitual, o Ulotaront emergiu como candidato para avançar nos testes clínicos.
Ulotaront
O medicamento descoberto pela inteligência artificial evita um “anti-alvo” específico conhecido como Receptor de Dopamina D2. Atualmente, todos os antipsicóticos no mercado visam esse receptor de uma forma ou de outra, mas esses tratamentos têm muitos efeitos colaterais, incluindo catalepsia, síndrome metabólica e ganho de peso.
Além disso, esses tratamentos não funcionam em todos os pacientes, nem abordam todos os sintomas. “Os tratamentos atuais para esquizofrenia normalmente abordam os sintomas positivos – as alucinações, os delírios, a audição de vozes – mas não abordam o que é chamado de sintomas negativos – a apatia, o isolamento social, o efeito plano – que são muito incapacitantes para os pacientes. E cerca de um terço dos pacientes não responde aos tratamentos atuais”, afirma Leahy.
O medicamento está atualmente sendo avaliado quanto à eficácia em escalas maiores na Fase III, o estágio final antes de ser liberado para uso.
Com informações de Fast Company.
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