Crédito de imagem: Tomasz Swierczynsk/Shutterstock
Mulheres (e homens) que zelam pela integridade de sua pele, não se importam em investir certa quantidade de dinheiro (algumas vezes exagerada!) em produtos que adiem as marcas do tempo no corpo e na pele. O que muitos não sabem é que nem sempre a eficácia desses produtos (incluindo aqueles com preços exorbitantes) é, de fato, comprovada. Isso porque os princípios ativos que os compõe perdem seu poder em muito pouco tempo.
Mas essa realidade está prestes a ser mudada. Uma nova spin off* foca desenvolver cosméticos "turbinados", mas nem um pouco invasivos ou prejudiciais à saúde da pele.
A Nanomed (spin off em questão), originada através do Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia (LNN) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), através de seus pesquisadores, somará duas técnicas para produzir cosméticos otimizados: extração de óleos de artigos vegetais (como o cravo, pimenta-rosa etc.) com nanoencapsulamento.
O nanoencapsulamento, técnica que tem revolucionado diversas áreas da saúde, consiste no aprisionamento de moléculas de uma substância dentro de partículas formadas por outra substância, resultando em cápsulas biodegradáveis, de tamanho nanométrico.
É aí que entra a Nanomed, com a tarefa de produzir essas nanopartículas para encapsular moléculas diversas, sobretudo na área de cosmetologia**, de acordo com a demanda das empresas interessadas. "Iniciamos nosso trabalho, contando com a colaboração de produtores do nordeste, de onde vem plantas de extração verde, sem uso de solventes orgânicos, para obtenção dos óleos vegetais", conta Paula Barbugli, pesquisadora do LNN.
O interesse maior em nanoencapsular moléculas é dar estabilidade aos produtos finais. "Alguns princípios ativos, nos veículos farmacêuticos onde são utilizados, são os mesmos no produto final. Inseridos diretamente nas fórmulas, seja de medicamentos ou de cosméticos, alguns ativos se tornam muito instáveis, o que significa dizer que se degradam muito rápido", conta a pesquisadora.
Já nas nanocápsulas, a estabilidade é maior, ou seja, no caso de um creme hidratante, por exemplo, a penetração será mais rápida e profunda na pele e os efeitos serão visíveis em muito menos tempo. "Poderemos disponibilizar as cápsulas com os princípios ativos mais estáveis e com maior poder de permeação", afirma Paula.
No mercado, algumas gigantes do setor de cosméticos- Lancôme, Boticário, Givenchy- já aplicam a técnica do nanoencapsulamento. No Brasil, o protetor solar Photoprot (Biolab), com FPS 100, utiliza-se do sistema nanométrico biodegradável. "Em nosso projeto, desenvolveremos sistemas que poderão ser adicionados em fórmulas em creme ou em gel", explica Paula. "Trabalharemos, em princípio, com óleos essenciais, algumas vitaminas e aminoácidos nanoencapsulados".
De acordo com a demanda de outras empresas, a Nanomed irá produzir determinados tipos de cápsulas farmacêuticas e/ou cosméticas. "Tudo dependerá da demanda das empresas clientes. Disponibilizaremos dois sistemas básicos: um com nanopartículas sólidas poliméricas e outro de nanopartículas lipídicas sólidas", adianta a pesquisadora.
O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através do programa "Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE)", deve, obrigatoriamente, apresentar resultados concretos até o final do ano. Mas, ao que tudo indica, isso será possível- incluindo a comercialização das nanocápsulas.
Em relação ao custo do produto, Paula não arrisca valores. "Hoje, no Brasil, esse tipo de insumo é em sua maioria importado. Nós pretendemos, como empresa nacional, produzir tais insumos com a mesma qualidade e segurança que as empresas estrangeiras, mas com preços melhores, o que irá refletir em um produto final mais barato aos consumidores", afirma.
O Photoprop (embalagem de 40 ml), por exemplo, tem um custo médio de R$72,00. O Active Dermato Sistema (O Boticário), R$52,00. As nanocápsulas do LNN, depois de produzidas, serão vendidas às empresas interessadas, que poderão baratear os milagrosos produtos e oferecer aos mais- ou menos- vaidosos uma chance maior de passar uma rasteira nos sinais do tempo.
Informações da Assessoria de Comunicação do IFSC
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