Nanotecnologia transforma vacina injetável em oral

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Estrutura dos poros dentro de nanotubos e o interior da partícula, onde tubos cilíndricos formam macroporos nos quais o antígeno fica preso e chega intacto ao sistema imune. [Imagem: Rasmussen et al. - 10.1038/s41598-019-42645-5]

Com informações da Agência Fapesp

Vacina oral

Um grupo de pesquisadores do Brasil e de Europa desenvolveu um composto capaz de transportar o princípio ativo de uma vacina oral contra a hepatite B até o sistema imunológico.

Ao se unirem, mesmo tendo tamanhos diferentes, as nanopartículas e o antígeno, chamado HBsAg, chegam ao intestino sem serem destruídas pela acidez do sistema digestório.

“Tanto a via oral como a nasal são as vias naturais de imunização, pois a natureza é o melhor agente vacinador. Mas uma vacina que tenha proteína, como nesse caso, quando passa pelo estômago é destruída pela elevada acidez e por proteases ali existentes. Então não chega ao sistema imune do intestino delgado,” explica Osvaldo Augusto Sant’Anna, pesquisador do Instituto Butantan e responsável pelo desenvolvimento do antígeno.

O composto desenvolvido para solucionar o problema é formado por nanotubos de sílica, que têm cerca de 10 nanômetros de diâmetro e estrutura semelhante à de uma colmeia de abelhas – um nanômetro corresponde a 1 bilionésimo do metro. Já o antígeno é muito maior, com cerca de 22 nanômetros de diâmetro.


“Mesmo sendo aparentemente muito maior, testes [em animais] mostraram resposta imunológica excelente para a vacinação oral, tão boa ou melhor do que a da forma injetável,” disse a professora Márcia Fantini, da Universidade de São Paulo (USP).

Embora não caiba dentro dos nanotubos, o antígeno fica retido nos chamados macroporos, espaços entre as partículas maiores que 50 nanômetros. E é justamente isso que protege o medicamento da acidez do sistema digestório.

Polivacina

Um dos fatores-chave no desenvolvimento foi a determinação da proporção ideal de sílica e antígeno, para que este último não se aglomere, o que prejudicaria a dispersão do princípio ativo no intestino do paciente.

Com a ferramenta adequada em mãos, a equipe agora pretende desenvolver novos antígenos para serem acrescentados ao composto de sílica nanoestruturada. A ideia é ter ao menos uma vacina tríplice, agregando outras contra difteria e tétano.

A formulação, no entanto, pode evoluir para uma polivacina que imunize ainda contra a coqueluche, poliomielite e a bactéria Haemophilus influenzae do sorotipo B (Hib), causadora de meningite e pneumonia, entre outras doenças.

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