Em consonância com o recorrente aumento do consumo do café no mercado brasileiro, a Nestlé investirá R$ 1 bilhão até 2026 na fábrica da Nescafé localizada em Araras, no interior de São Paulo. Os recursos também serão direcionados para a ampliação do parque de produção de máquinas da Nestlé Professional, divisão focada em soluções de bebidas e que oferece máquinas de café para ambientes comerciais. Atualmente são 22 mil instaladas no Brasil e o objetivo é crescer 50% nos próximos dois anos.
De acordo com a Nestlé, o investimento no parque fabril se dará, principalmente, no desenvolvimento de novas tecnologias como curvas de torras, ou seja, gráficos que mostram como a temperatura evolui conforme o tempo durante a torra do grão de café. Também será aplicado na flexibilização das linhas de produção para a elaboração de variedades de produtos, aromas e sabores, além de soluções ligadas a sustentabilidade.
Consumo de café pelos brasileiros é oportunidade de investimento
A empresa suíça enxerga no mercado brasileiro um grande potencial de crescimento diante do alto interesse da população pelo café. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o consumo do produto pelos brasileiros é seis vezes maior que a média global.
O segmento ajudou a sustentar os resultados positivos da Nestlé na América Latina no primeiro semestre de 2024, quando as vendas em geral na região aumentaram 1,4%, alcançando 6,2 bilhões de francos suíços (R$ 39,3 bilhões). Entre os fatores que impulsionaram esse resultado estão as vendas no Brasil, onde foram lançados os produtos Starbucks e Nescafé prontos para beber.
Além disso, a tendência de mudança no perfil do consumo do brasileiro está trazendo novas oportunidades de negócios. Nos últimos anos, aumentou o interesse por cafés mais sofisticados, que representam atualmente 70% do negócio – há 10 anos, esse número era de 15%.
A empresa, que é detentora da marca Nespresso, direcionada às classes média-alta e alta, vem ampliando a gama de produtos Nescafé premium com valores mais acessíveis, o que justifica os investimentos na fábrica da Nestlé em Araras.
Entre eles estão os cafés em cápsula e os grãos de café torrados e moídos com diferentes níveis de torra. “Os brasileiros consomem entre quatro e seis xícaras de café por dia e queremos que essa xícara tenha maior qualidade”, diz Valéria Pardal, diretora executiva de Cafés Nestlé.
“Estamos em momento de expansão do consumo de café premium, de maior valor agregado, isso está sofisticando o consumo de café no Brasil. Trabalhamos com a marca Nescafé de consumo massivo para que essa premiunização seja democrática”, complementa ela.
Consumo de café gelado cresce entre os jovens
Outra variação de café cujo consumo vem crescendo no Brasil e faz parte do investimento estratégico da Nestlé no parque fabril em Araras é o café gelado, que ganha destaque especialmente entre os consumidores mais jovens.
Seguindo a tendência criada pelas cafeterias Starbucks – que têm uma parceria estratégica com a Nestlé –, a chamada Geração Z vê no consumo do café uma experiência de “comfort food”, em variações de bebidas que levam essências e sabores diferentes.
De acordo com pesquisas Nielsen realizadas a pedido da empresa, 12% das xícaras de café consumidas fora de casa são de café gelado. Entre a Geração Z, esse número sobe para 18% e é para atender a essa demanda que mira a ampliação da produção das máquinas da Nestlé Professional.
Indústria de alimentos investirá R$ 120 bilhões até 2026
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) apontam que, até 2026, serão investidos R$ 120 bilhões na expansão de produção da indústria de alimentos brasileira, sendo cerca de R$ 75 bilhões em ampliação e modernização de plantas e construção de novas unidades, e R$ 45 bilhões no setor de pesquisa e desenvolvimento.
"Um fator de estímulo a investimentos em novas fábricas ou expansão de plantas já existentes é a ampliação do consumo de alimentos no Brasil, estimulada pela expansão da economia", diz João Dornellas, presidente executivo da Abia. "No primeiro semestre deste ano, a indústria de alimentos cresceu 3,3%, em comparação ao mesmo período do ano passado", complementa.
Por se tratar de um segmento de manufaturados, a demanda por investimentos é constante. "A indústria se alimenta de inovação e tem uma necessidade contínua de modernização das estruturas, assim como pela crescente evolução em pesquisa e desenvolvimento. A diversidade de produtos e de categorias de alimentos que existe hoje são resultado desses investimentos em inovação", diz Dornellas.
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