Thiago Meirelles PróGenéricos

Thiago Meirelles, presidente da Prógenéricos Divulgação

 

De acordo com Daniel Pereira, que comanda a 5ª diretoria da agência, ‘todos os limites serão respeitados’

 

by Lígia Formenti - JOTA

 

Presidente-executivo que acaba de tomar posse da PróGenéricos, o administrador de empresas Thiago Meirelles é irmão do diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Daniel Pereira.

A relação de parentesco levantou o questionamento de representantes do setor e técnicos da agência sobre conflito de interesses, uma vez que é atribuição da Anvisa regular o setor.

A 5ª Diretoria da Anvisa, que está sob o comando de Pereira, estabelece, por exemplo, as estratégias para monitoramento da qualidade e segurança dos produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária. Dentro desse universo estão medicamentos.

O JOTA ouviu, sob condição de anonimato, representantes do setor e também técnicos da agência. Para todas as pessoas consultadas, a situação é delicada, mas é preciso avaliar quais serão os desdobramentos.

Em tese, diante do conflito de interesses, Pereira deve se declarar impedido em discussões envolvendo o setor farmacêutico de forma geral.

Isso iria além de discussões específicas sobre genéricos, uma vez que o setor está interligado. A questão é se tal atitude limitaria de forma expressiva sua atividade.

Outra inquietação se refere à forma como ele vai propor regras para regular a segurança pós-registro de medicamentos.

Ao JOTA, a agência afirmou que “a Lei 12.813, de 16 de maio de 2013, traz em si estabelecido o regramento para casos de conflitos de interesse. Todos os limites impostos pela referida lei têm sido e serão observados no âmbito da atuação do diretor Daniel Pereira frente à Anvisa.” Questionado sobre como isso se daria na prática, o diretor respondeu ser necessário avaliar cada caso concreto.

 

Trabalho conjunto

A Pró-Genéricos representa 16 farmacêuticas, que, juntas, respondem por 90% do mercado de genéricos e biossimilares. Uma das áreas de atuação da associação, criada em 2001, é regulação. Em seu site, a entidade afirma: “Fabricantes de medicamentos genéricos trabalham em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na identificação dos principais desafios para regulamentar o segmento. Nesse intuito, participamos ativamente de consultas públicas da Anvisa e oferecemos sugestões de textos e novos temas, visando o fortalecimento e o aperfeiçoamento do Marco Regulatório Brasileiro para o setor farmacêutico.”

Meirelles substitui Telma Salles, que por dez anos esteve à frente da Pró-Genéricos. Graduado em administração e ex-presidente da Geap Saúde, Meirelles foi, durante o governo de Jair Bolsonaro, subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil. Na ocasião da sabatina de Pereira para o cargo de diretor da agência, a relação também foi mencionada.

Em resposta aos questionamentos feitos pelo JOTA, a ProGenéricos afirmou em nota que a entidade “reforça sua total aderência e respeito a legislação federal, Lei nº 12.813/13, que estabelece regras claras de conduta em casos de conflitos de interesse.”

 

Comissão de Ética

Fontes do governo consultadas pelo JOTA informam que a Comissão de Ética Publica pode avaliar o tema, mas para isso seria necessário haver um questionamento formal. Integrada por sete membros, ela é responsável pela aplicação da Lei de Conflito de Interesses.

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