A proposta apresentada pela Anvisa nesta terça (11) para tentar liberar o cultivo de maconha no Brasil com foco em pesquisa e produção de remédios não frustrou apenas as associações de pacientes que pediam autocultivo para fins terapêuticos. A iniciativa, que será levada a consulta pública por 60 dias, também levou parte das empresas de cânabis aqui instaladas a franzir o nariz. Houve quem considerasse as exigências exageradas ou insuficientes para atrair investimento.
Caio Abreu, diretor da Entourage, considera a movimentação positiva, mas trata como expectativa. “Não muda nossa decisão de investir inicialmente no Uruguai.” Para Mario Grieco, da Knox, a exigência de estudos clínicos supera padrões do exterior. “A proposta eleva a burocracia em relação a países que não exigem os estudos, inclusive para medicamentos que importamos. Quanto tempo levará para ter esses produtos aqui?”
A feliz coincidência da gigante canadense Canopy Growth de lançar sua filial brasileira —planejada com antecedência— justo nesta semana em que a Anvisa fez a coisa andar, deixou outras empresas do setor enciumadas. Ninguém vai fazer evento para celebrar porque a iniciativa da agência de chamar a consulta pública pegou o setor de surpresa. O evento da Canopy nesta quarta (12) terá Mark Ware, diretor médico global da marca.
A Anvisa diz que a regulamentação de medicamentos de cânabis está na agenda regulatória desde 2017. Afirma que, além de observações das regulamentações de outros países, “as interlocuções com os setores produtivos e científicos são rotina e contribuem para a proposta”.
Fonte: Folha de S. Paulo
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