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THE INDIA TODAY GROUP/GETTY IMAGES

Adar Poonawalla assumiu o risco de a vacina não ser aprovada na última etapa de testes e está fabricando milhares de doses da imunização


por JULIANA CONTAIFER
Metropoles

A vacina de Oxford é considerada uma das candidatas à imunização contra o coronavírus mais promissoras do mundo. Está na fase 3 de desenvolvimento, a última antes da aprovação para que seja comercializada. Porém, mesmo antes do fim dos testes, um laboratório já começou a fabricar o medicamento.

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Em maio, o Serum Institute of India recebeu uma ampola de um milímetro com material celular para produção da vacina. O conteúdo foi colocado em uma cultura de vitaminas e açúcar para se reproduzir em bilhões de células que vão virar doses da imunização. Este movimento está sendo considerado um dos mais ousados da corrida contra o coronavírus, visto que não há comprovação de que a fórmula de Oxford vai, de fato, funcionar.

Indo na contramão da maioria das indústrias farmacêuticas, o Serum Institute of India se prepara para produzir cerca de 500 doses por minuto e vem realizando milhares de vacinas como teste. A ideia é que, quando (e se) a vacina de Oxford for aprovada, a empresa já tenha cerca de 300 milhões de doses prontas.

A jogada arriscada é comandada pelo bilionário indiano Adar Poonawalla, 39 anos. A empresa foi criada pelo pai dele e, hoje, o filho único é o chefe executivo. Se a aposta der certo, o Serum Institute pode ser o primeiro local do mundo a ter a vacina.

O plano de Poonawalla é entregar metade da produção para pacientes de países pobres, ação que já faz normalmente com outras imunizações produzidas pelo laboratório. Segundo o jornal americano The New York Times, metade das crianças do mundo foi vacinada com um dos produtos do Serum Institute.

O laboratório foi criado em 1967 por Cyrus Poonawalla, pai de Adar. O empresário, que era criador de cavalos, percebeu uma boa oportunidade de negócio, pois emprestava constantemente seus animais para a criação de vacinas. Com um mínimo de toxinas injetadas no corpo de um cavalo, é possível coletar plasma cheio de anticorpos, que servem para a fabricação de medicamentos. As vacinas de tétano, tuberculose, hepatite, poliomielite e os antídotos para picadas de cobras, por exemplo, são feitos desta maneira.

O laboratório cresceu rapidamente, usando a mão de obra barata do trabalhador indiano e a tecnologia de ponta desenvolvida no país. Em seguida, o Serum Institute conseguiu contratos com a Unicef e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para entregar vacinas de baixo custo a países pobres e foi crescendo ainda mais.

Hoje, os Poonawallas têm uma fortuna de cerca de 5 bilhões de dólares — a estimativa é que estejam gastando cerca de 450 milhões para produzir a imunização de Oxford.

A família segue a cartilha da ostentação. Comprou o palácio de um marajá em Mumbai por 113 milhões de dólares só como opção para passar o fim de semana e é conhecida pela coleção de Rolls-Royces e Ferraris.

Ao New York Times, Adar disse que se sentiu na obrigação de assumir o risco: “Sentimos que esse era o nosso momento.” Ele conta que, na Índia, a maior parte das pessoas o conhece por circular em carros caríssimos ou viajar de jatinho particular, mas não imagina que o negócio da família é salvar vidas.

Além da vacina de Oxford, Adar fechou com outros quatro fabricantes de possíveis imunizações. A ideia é vender as vacinas a um preço quase que de custo durante a pandemia e, depois que ela passar, comercializá-las por um valor maior.

Fonte: Portal Metropoles

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