AstraZeneca – É normal ter febre ou se sentir cansado após a vacina da AstraZeneca? Por quê? Segundo a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), esse tipo de efeito é comum após a aplicação de qualquer tipo de vacina e faz parte da resposta imune inata do organismo. ‘É uma reação natural e esperada. Faz parte da resposta inflamatória e é responsável pela dor local [onde a vacina foi aplicada], pelo mal estar, por febre, reações que nem todas as pessoas apresentam porque é uma resposta individual’, explica.
Quais os principais efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca? A bula da vacina da AstraZeneca indica que os principais efeitos colaterais após a aplicação do imunizante são sensibilidade, dor, sensação de calor, vermelhidão, coceira, inchaço ou hematomas onde a injeção foi administrada; sensação de indisposição de forma geral; sensação de cansaço; calafrio ou sensação febril; dor de cabeça; enjoos e dor nas articulações ou dor muscular.
Além disso, é comum que a pessoa imunizada tenha sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre alta, dor de garganta, coriza, tosse e calafrios; também é possível que surja um caroço no local da injeção. Para amenizar esses sintomas, a bula indica que a pessoa deve informar a um profissional de saúde e, caso seja prescrito algum medicamento, o recomendado é que contenha paracetamol
Qual o risco de formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? Casos envolvendo a formação de coágulos sanguíneos após a aplicação da vacina foram relatados pelo mundo. A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) considerou que o efeito colateral é ‘muito raro’ e que os benefícios do imunizante superam os riscos. No Brasil, a Anvisa solicitou à Fiocruz que inclua na bula o risco do desenvolvimento de coágulos. De acordo com a diretora da SBIm, o risco de formação de coágulos após a aplicação da AstraZeneca é de 0,007%.
O que se identificou é que é um fenômeno específico, não é a trombose ou embolia normal, é uma síndrome específica em que há esse tromboembolismo associado a uma taxa pequena de plaquetas’, explica. É a chamada síndrome de tromboembolismo e trombocitopenia, TTS na sigla em inglês(thrombosis with thrombocytopenia syndrome).
Além disso, a especialista destaca que o risco de uma pessoa desenvolver trombose ao ser infectada pelo coronavírus é maior do que em relação ao imunizante. ‘A covid é uma doença que causa inflamação muscular, os pacientes que morrem pela covid todos passam por processos inflamatórios, todos eles têm problema de coagulação. A própria covid é um risco muito maior que o risco do TTS com a vacina’, afirma.
Como saber se tenho risco para a formação de coágulos após a imunização com a vacina da AstraZeneca? Segundo Flávia, não é possível saber se uma pessoa é propensa à formação de coágulos sanguíneos após a imunização. ‘Por isso que os eventos adversos devem ser vigiados, e qualquer sintoma que indique inchaço nas pernas ou dor abdominal, que podem ser sinal de pequenos êmbolos pelos órgãos, os profissionais da saúde precisam fazer essa notificação, e com a investigação é que se estabelece se aquilo foi mesmo um TTS ou não. A vigilância de eventos adversos é importantíssima’, afirma.
Por que seu uso foi suspenso para grávidas? As gestantes que tomaram a primeira dose devem tomar a segunda? O Ministério da Saúde suspendeu a aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no país. A medida seguiu a recomendação da Anvisa, após o registro de um evento adverso grave que acabou em morte, tanto do feto quanto da grávida que foi acometida de um acidente vascular cerebral após a imunização. Para as gestantes que já haviam tomado a primeira dose da vacina, a recomendação da pasta é que aguardem o fim da gravidez e do puerpério (45 dias após o parto) para que completem a imunização com a segunda dose.
Quando é seguro tomar a vacina contra a gripe depois da AstraZeneca? As campanhas de vacinação contra a gripe e contra a covid-19 ocorrem simultaneamente pelo país e, por este motivo, o Ministério da Saúde recomenda que seja respeitado um intervalo de 14 dias entre a aplicação dos imunizantes. A orientação da pasta é que a população dê prioridade à vacina contra a covid-19 e, ao fazer a imunização, agende a data correta para a vacina contra o vírus influenza.
Bebida alcoólica antes ou depois da vacina compromete sua eficácia? Segundo a especialista Flávia Bravo, não há nenhum dado científico que comprove o efeito negativo de bebidas alcóolicas sobre a eficácia do imunizante, ou sobre qual a quantidade recomendada para ser ingerida antes ou depois da imunização. ‘O álcool em uso crônico e abusivo faz mal ao organismo como um todo, prejudica todos os nossos sistemas, inclusive o sistema imune, e piora a nossa resposta às infecções’, explica.
Posso escolher qual vacina tomar? Não é possível escolher a vacina para a imunização contra a covid-19. ‘Não há o menor sentido em fazer escolha de vacina. Hoje o que temos que fazer é usar a vacina que estiver disponível, porque precisamos de cobertura vacinal e todas as vacinas aprovadas foram qualificadas pelos órgãos reguladores’, afirma a especialista. Além disso, Flávia destaca que mesmo que as vacinas tenham apresentado números de eficácia diferentes uma das outras, todos os imunizantes em aplicação no país são seguros e eficazes para conter o avanço da pandemia.
‘No ponto de vista de saúde coletiva essas diferenças acabam diluídas, porque vamos ter diminuição da circulação do vírus. Se a maior parte da população estiver vacinada, vamos reduzir a circulação do vírus, reduzir as chances de quadros graves de covid-19, reduzir internações e mortes num cenário de vida real onde as pessoas estão se expondo’,.
A formação de íngua na axila após vacina contra covid é comum? O inchaço de linfonodos, também chamados de ínguas, nas axilas, após a vacinação contra a covid-19 pode ser um sinal de que o sistema imunológico está respondendo à imunização. A imunologista Lorena de Castro Diniz, da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), explica que a reação é chamada de linfadenopatia.
‘É um sinal de funcionamento do sistema imunológico, porque os gânglios fazem parte do nosso sistema, é onde há um recrutamento das células de defesa e por isso há essa inflamação, em algumas pessoas é mais intensa e perceptível, por isso falamos que é um evento adverso. Mas geralmente não tem uma evolução negativa ou com sequela, é muito difícil precisar de intervenção’, afirma.
Principais informações sobre a vacina da AstraZeneca:
– Situação: registro definitivo concedido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), autorização permanente para ser usada em território nacional, o que permite vacinação em massa e comercialização com o setor privado
– Número de doses: aplicação em duas doses, com intervalo de 3 meses
– Fabricante: Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca. No Brasil, é produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro
– País de origem: Reino Unido
– Tecnologia: vetor viral não replicante, utiliza adenovírus que causa resfriado em chimpanzés modificado em laboratório para transportar fragmentos do coronavírus, especificamente a proteína spike, para estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica
– Eficácia: 82,4% ao fim das duas doses, sendo 76% após 90 dias da primeira dose
– Proteção contra variantes: a vacina protege contra a cepa brasileira, mas não neutraliza a variante da África do Sul.
Fonte: Saúde R7
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