Sanofi compra Vigil Neuroscience por US$ 470 milhões e aposta em nova terapia para Alzheimer
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
A Sanofi anunciou a aquisição da Vigil Neuroscience, empresa de biotecnologia sediada nos EUA, em um acordo avaliado em US$ 470 milhões. A transação ocorre cerca de um ano após um investimento inicial de US$ 40 milhões da Sanofi na empresa, reforçando seu interesse no potencial do medicamento VG-3927, voltado para o tratamento da doença de Alzheimer.
A aquisição inclui todas as ações ordinárias da Vigil, com um pagamento de US$ 8 por ação em dinheiro. Esse valor representa um prêmio de 246% em relação ao fechamento das ações da empresa em US$ 2,31 no dia 21 de maio, elevando seu valor de mercado para US$ 107,8 milhões.
Além do montante inicial, o contrato prevê um pagamento adicional de US$ 2 por ação na primeira venda comercial do VG-3927, fortalecendo o compromisso da Sanofi com essa inovação.
VG-3927: um avanço no tratamento do Alzheimer?
O VG-3927 é um agonista oral de pequenas moléculas que atua no receptor TREM2, presente nas células mieloides 2 do sistema imunológico. Pesquisas sugerem que a ativação do TREM2 pode melhorar a função neuroprotetora da microglia, ajudando a retardar o declínio cognitivo associado ao Alzheimer.
Fatores genéticos, como variantes raras do TREM2, estão fortemente associados ao aumento do risco de desenvolver a doença, o que torna essa abordagem terapêutica uma aposta promissora para pacientes com Alzheimer sintomático precoce.
Dados clínicos e expectativas para estudos futuros
A Vigil já divulgou resultados positivos de um ensaio clínico de Fase I (NCT06343636), que testou o VG-3927 em 115 voluntários saudáveis, incluindo idosos. O medicamento demonstrou perfil favorável de segurança e tolerabilidade, e a empresa planejava avançar para estudos de Fase II no terceiro trimestre de 2025.
Embora a Sanofi não tenha confirmado alterações no cronograma, a farmacêutica afirmou que dará continuidade ao estudo clínico de Fase II, reforçando seu compromisso com a inovação no tratamento da doença.
Concorrência e impacto no setor farmacêutico
Atualmente, medicamentos como o Leqembi (lecanamab) da Eisai e Biogen e o Kisunla (donanemab) da Eli Lilly ajudam a retardar a progressão do Alzheimer, mas não oferecem cura. Além disso, questões sobre custo e cobertura nacional dificultam sua ampla adoção.
A Sanofi acredita que o VG-3927 pode preencher essa lacuna e oferecer uma opção mais segura e conveniente para pacientes.
"O TREM2 é um alvo promissor na interseção da desregulação imunológica e neurodegeneração", afirmou Houman Ashrafian, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Sanofi. "Nosso objetivo é fornecer um tratamento inovador para pessoas que enfrentam um declínio cognitivo devastador, com opções de tratamento ainda limitadas."
O mercado de terapias TREM2 e a aposta da Sanofi
Além da Vigil, outras empresas farmacêuticas também exploram tratamentos baseados no TREM2. A Novartis já se prepara para iniciar estudos de Fase II com seu candidato VHB937 no segundo semestre de 2025.
O analista da William Blair, Myles Minter, destacou que a aquisição da Vigil pela Sanofi foi uma decisão estratégica. "O VG-3927 representa uma abordagem diferenciada entre os tratamentos para Alzheimer e pode revolucionar a forma como a doença é tratada", afirmou.
Com essa aquisição, a Sanofi fortalece seu compromisso com pesquisas inovadoras na neurologia, ampliando as perspectivas de avanço no tratamento do Alzheimer e reforçando sua posição no setor biofarmacêutico global.
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