O novo coronavírus, agora conhecido oficialmente como Covid-19, tem movimentado todos os setores para controlar o contágio e, claro, em busca de uma vacina. Agora, a farmacêutica Sanofi Pasteur, subdivisão da multinacional francesa Sanofi que é uma das quatro maiores produtoras globais de imunização contra a febre amarela, anuncia que vai entrar na corrida para desenvolver uma solução para a ameaça.
A Sanofi Pasteurs adiantou que fará parceria com a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado dos Estados Unidos (BARDA, na sigla em inglês), a partir de uma plataforma de recombinação de DNA. A companhia adiantou que sua expertise no desenvolvimento da vacina contra a SARS pode garantir uma vantagem no processo.
Contudo, isso não deve acontecer tão cedo — e, pior, deve demorar ainda mais do que a previsão da Novartis, que já havia previsto algo em torno de um ano e meio para chegar a um resultado satisfatório. Segundo John Shiver, chefe de pesquisa e desenvolvimento de vacinas da Sanofi, o tempo necessário, mesmo com aprovação de uso emergencial, deve ser em torno de três ou quatro anos, quando, provavelmente, já não teremos o atual estado de alerta em que vivemos.
“Provavelmente é o mais rápido que isso pode realmente acontecer”, relata Shiver. Enquanto a Sanofi Pasteur vai empregar sua experiência no setor, a BARDA será responsável por fornecer os resultados mais relevantes obtidos até agora em seus levantamentos. Não foram divulgados os valores envolvidos nessa parceria e a agência norte-americana apenas adiantou que há uma “reprogramação de fundos” para apoiar o projeto.
Qual é o plano de desenvolvimento?
David Loew, chefe global da divisão de vacinas da Sanofi, afirmou que, no primeiro momento, a companhia vai desenvolver um banco de candidatos de “protótipos” e, a partir daí, produzir lotes-piloto para serem usados em testes — que serão financiados pela BARDA. A previsão é que uma candidata a vacina para o Covid-19 seja avaliada em laboratório em seis meses, e uma solução pronta para ser observada em humanos deve chegar somente entre 12 e 18 meses
A grande vantagem da participação da Sanofi seria sua capacidade de chegar a um resultado mais eficaz e escalável em grandes quantidades. Como a Jansen, braço da Johnson & Johnson, e outras fabricantes menores (incluindo a Inovio e a Moderna) e a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias — grupo internacional que trabalha justamente no controle de doenças — também estão envolvidos, é possível que os esforços conjuntos resultem em uma vacina poderosa. Daí, seria necessária a participação de um grande nome da indústria farmacêutica para produzir e distribuir em massa — o que seria feito pela Sanofi Pasteur.
Mark Feinberg, presidente e CEO da International AIDS Vaccine Initiative, disse que é importante ter uma variedade de empresas trabalhando nessa causa. “Acho que é importante incentivar vários fabricantes ou desenvolvedores a se envolverem, porque você nunca sabe o que vai dar certo e o que não vai dar certo, e não é apropriado colocar todas as suas esperanças em uma única vacina”, disse.
Enquanto isso, o Covid-19 segue avançando mundo afora. Desde 31 de dezembro, quando a China notificou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que um vírus até então desconhecido estava se espalhando, foram registrados 73 mil casos em 26 países — nenhum deles na América Latina, com um total de 1.874 mortes, a grande maioria, na província de Hubei, onde fica Wuhan.
Fonte: Stat News
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