AstraZeneca Canadá - divulgação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova indicação terapêutica para acalabrutinibe, agora autorizado para uso em primeira linha no tratamento de linfoma de células do manto (LCM), em combinação com bendamustina e rituximabe, para pacientes adultos não tratados anteriormente e inelegíveis ao transplante de medula óssea¹. A combinação demonstrou uma redução em 27% do risco de progressão ou morte da doença, de acordo com os resultados do estudo de fase III ECHO.
O LCM é uma forma rara e agressiva de linfoma não Hodgkin, que representa cerca de 3% a 6% dos casos e possui uma das menores sobrevidas em 5 anos dentre todos os linfomas do tipo. Afeta predominantemente pessoas com mais de 65 anos, frequentemente diagnosticadas em estágios avançados². A sobrevida média global é de até cinco anos, e muitos pacientes não conseguem completar todas as linhas de tratamento disponíveis³.
Com a aprovação, o tratamento torna-se a primeira terapia com inibidor de tirosina quinase de Bruton (BTK) aprovada no Brasil para uso em primeira linha no LCM em pacientes não tratados previamente e inelegíveis ao transplante de medula óssea. A decisão da Anvisa tem como base os resultados do estudo clínico de ECHO Fase III (NCT02972840), que demonstrou ganho estatisticamente significativo na sobrevida livre de progressão da doença (SLP)⁴.
“Esta aprovação representa um avanço importante no manejo do LCM no Brasil, sobretudo para pacientes que não podem ser submetidos ao transplante de medula óssea, que ainda é o padrão terapêutico mais agressivo”, afirma Karina Fontão, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil.
Ainda segundo o estudo ECHO, a combinação de acalabrutinibe com bendamustina e rituximabe mostra que a mediana de SLP foi de mais de cinco anos (66,4 meses) no grupo tratado com acalabrutinibe, contra 49,6 meses no grupo controle. Quando excluídos os óbitos relacionados à Covid-19, a redução do risco de progressão ou morte da doença chegou a 36%⁴.
A aprovação no Brasil é particularmente relevante considerando a realidade clínica do país: dados locais indicam que cerca de 30% dos pacientes não chegam à segunda linha de tratamento, e entre os que chegam, apenas 60% iniciam a terceira³. Isso reforça a importância de iniciar o tratamento com opções que ofereçam maior benefício clínico desde o diagnóstico.
O uso de acalabrutinibe já era aprovado no Brasil para pacientes com LCM recidivado ou refratário, com base nos resultados do estudo ACE-LY-004. A nova indicação amplia seu uso para o início do tratamento, mantendo o perfil de eficácia e segurança já estabelecido5.
Sobre o estudo ECHO Fase III
O ECHO é um estudo de fase III, multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo que avaliou a eficácia e segurança de acalabrutinibe combinado com bendamustina e rituximabe em comparação ao placebo em adultos a partir de 65 anos com linfoma de células do manto sem tratamento prévio.
Entre abril de 2017 e março de 2023, 598 pacientes foram incluídos em 195 centros, com um seguimento mediano de 45 meses.
No estudo, os pacientes receberam acalabrutinibe 100 mg duas vezes ao dia, em combinação com bendamustina (90 mg/m² nos dias 1 e 2) e rituximabe (375 mg/m² no dia 1), durante seis ciclos de 28 dias. Pacientes que responderam ao tratamento seguiram com manutenção de rituximabe (375 mg/m² no dia 1 de cada ciclo par, do ciclo 8 ao 30). O acalabrutinibe foi administrado continuamente até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável. O desfecho principal avaliado foi a SLP, e os secundários foram TRG (taxa de resposta global), SG (sobrevida global) e desfechos de segurança
O perfil de segurança do regime combinado foi considerado consistente com dados anteriores. A maioria dos eventos adversos graves foi relacionada a infecções, hipertensão e toxicidades hematológicas. Não foram identificados novos achados de segurança⁴.
Fonte: AstraZeneca
Referências
- BRASIL. Resolução-RE n.º 2.377, de 26 de junho de 2025. Diário Oficial da União: seção 1, p. — (se for disponível, indique a página), 26 jun. 2025. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-re-n-2.377-de-26-de-junho-de-2025-638693267. Acesso em julho de 2025.
- Lymphoma Research Foundation. Mantle Cell Lymphoma. Disponível em: https://lymphoma.org/aboutlymphoma/nhl/mcl. Acesso em maio 2025.[i]
- Teras LR, et al. CA Cancer J Clin. 2016;66:443-459. 2. Anderson JR, et al. Ann Oncol. 1998;9:717-720.
- Michael Wang et al. Acalabrutinib Plus Bendamustine-Rituximab in Untreated Mantle Cell Lymphoma. JCO 0, JCO-25-00690 DOI:10.1200/JCO-25-00690Wang
- M, et al. Acalabrutinib in relapsed or refractory mantle cell lymphoma (ACE-LY-004). Blood. 2018;131(4):349–357. Acesso em maio de 2025.
Comentários