Imagem gerada por IA - ChatGPT
Num país em que o debate sobre o financiamento do sistema de saúde se torna cada vez mais urgente, um conceito vem ganhando força e promete transformar profundamente o modo como cuidamos da saúde no Brasil: a medicina baseada em valor. Mais do que um jargão técnico, ela propõe uma mudança de paradigma — colocar (de fato) o paciente no centro do cuidado e remunerar não pela quantidade de procedimentos realizados, mas pelos resultados clínicos efetivamente alcançados.
Em outras palavras, o que importa não é o quanto se faz, mas o quanto isso melhora a vida de quem recebe o cuidado.
O que significa “valor” na saúde?
Para especialistas, valor está intrinsecamente ligado à qualidade dos desfechos clínicos e à eficiência na utilização de recursos. Combinadas, essas premissas visam promover a sustentabilidade do sistema, um objetivo que tem mobilizado diversos atores da cadeia da saúde: indústria farmacêutica, hospitais, operadoras, e mais recentemente, as agências reguladoras.
O ponto-chave está em transformar um modelo tradicionalmente baseado no volume de procedimentos em um sistema que premie a efetividade do tratamento. E uma das estratégias mais promissoras nesse contexto é o compartilhamento de risco.
O que é o compartilhamento de risco?
O modelo tem ganhado corpo nos últimos anos e consiste numa lógica simples, mas poderosa: o fornecedor do medicamento — geralmente a indústria — assume parte ou todo o custo do tratamento caso os objetivos clínicos definidos previamente não sejam atingidos.
Em termos práticos, isso significa menos desperdício de recursos e mais segurança para quem financia os tratamentos — seja o sistema público, os planos de saúde ou os próprios hospitais.
Oncologia como laboratório de inovação
No fim de 2022, a Roche Farma Brasil e o A.C. Camargo firmaram um acordo histórico envolvendo o atezolizumabe, uma imunoterapia usada em diferentes tipos de câncer. O contrato inicial previa o uso para câncer de pulmão de pequenas células, mas foi expandido para o hepatocarcinoma (câncer de fígado).*
Os números são promissores: cerca de 85% dos pacientes atingiram os resultados esperados dentro do período de avaliação. Nos demais casos, os custos foram reembolsados, reduzindo em 14% os gastos com o tratamento.
E mais: um novo modelo com teto de gastos foi implementado para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células com alta expressão de PD-L1. A partir do 18º ciclo de tratamento, os custos passaram a ser assumidos pela Roche, ampliando o acesso à terapia sem sobrecarregar o sistema. Essa abordagem já é adotada em países europeus e chega ao Brasil como sinal de maturidade regulatória e inovação financeira.
O olhar das agências reguladoras
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também tem se movimentado. Em 2024, lançou uma iniciativa para fomentar modelos de remuneração baseados em valor. O foco? Promover coordenação do cuidado, mensuração de desfechos clínicos e melhoria da experiência do paciente — sem perder de vista a alocação eficiente de recursos.
Apesar dos bons resultados, a implantação em larga escala desse tipo de modelo esbarra em barreiras estruturais, como a necessidade de sistemas de informação integrados, acompanhamento rigoroso de indicadores e uma cultura de colaboração entre todos os agentes da saúde.
Ainda assim, os sinais são claros: o Brasil começa a trilhar um novo caminho, mais transparente, sustentável e centrado em quem realmente importa — o paciente.
Qual sua opinião sobre isso? Tem algum exemplo a citar?
Um dia #abençoado!
Joni Mengaldo - criador do DikaJob, cristão, ítalo-brasileiro, casado com a Helenice, pai do Bruno e do Gabriel. Atua com ensino, treinamento, consultoria, como professor e palestrante em assuntos sobre competências, comportamento, motivação, liderança e dinâmicas.
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* Fonte: Roche
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